Idosa que saiu sozinha do hospital em Dezembro encontrada morta dois meses depois

O caso foi entregue à Polícia Judiciária. Fonte próxima da família confirma que o corpo encontrado nesta segunda-feira na mata por trás do Hospital São Francisco de Xavier é de Avelina Ferreira.

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Corpo foi encontrado na mata nas traseiras do Colégio de São José, perto do Hospital São Francisco Xavier Daniel Rocha
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O corpo encontrado na manhã desta segunda-feira numa mata perto do Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, é da idosa que estava desaparecida desde 12 de Dezembro do ano passado. A utente de 73 anos tinha Alzheimer, e saiu sozinha do hospital horas depois de ter dado entrada.

O marido não foi autorizado a acompanhar Avelina Ferreira, que entrou à uma da manhã. A septuagenária acabou por sair pelo próprio pé por volta das 18h30, como disse, na altura, a filha, Susana Ferreira, e como constava do apelo lançado pela família para que quem a encontrasse entrar em contacto.

Nesse apelo, que a família fez chegar ao maior número possível de pessoas, através das redes sociais, mas não só, era dito que Avelina Ferreira tinha sido vista pela última vez na zona de Algés, perto de uma farmácia, na manhã de 13 de Dezembro, o dia a seguir ao seu desaparecimento.

"Tem demência, anda devagar, é franzina e grisalha", lia-se no cartaz com várias fotografias da senhora. Na altura, também foi noticiado que 250 funcionários da Nova School of Business and Economics (Nova SBE), de Carcavelos, se haviam mobilizado para localizar a idosa, sendo a sua filha directora de marketing desta instituição do ensino superior.

À rádio Observador, Susana Ferreira chamava a atenção para o facto de a mãe não ter com ela documentos, nem telemóvel. Tinha a pulseira amarela da triagem do hospital e vestia umas calças pretas, com uma camisola de malha escura, e calçava uns chinelos do hospital.

Contactada pelo PÚBLICO, a assessoria de comunicação do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, onde está integrado o São Francisco Xavier, afirmou que ainda não tem informação oficial de que foi encontrado um corpo nas suas imediações, nem da respectiva identificação.

Sobre a situação da idosa desaparecida, a assessora de imprensa, Alexandra Flores, explicou que a senhora não teve alta, simplesmente saiu sozinha da urgência enquanto um familiar aguardaria na sala de espera. “Quando foi detectado que a senhora estava desaparecida, o hospital accionou as entidades competentes, tendo feito logo uma comunicação à polícia”, afirma a assessora, que acrescenta que foi aquela força de segurança que ficou responsável pelas buscas. Nessa altura, o conselho de administração abriu um inquérito interno e a Entidade Reguladora da Saúde uma avaliação.

Nesta segunda-feira, a PSP confirmou à Lusa que um corpo tinha sido encontrado, havendo desde logo a suspeita de que se trataria da idosa desaparecida, mas sem que tal pudesse então ser confirmado. A CNN chegou a noticiar que era perceptível uma pulseira amarela do hospital.

A confirmação de que se trata de Avelina Ferreira, de 73 anos, que saiu sozinha do hospital, chegou ao fim da tarde, como disse ao PÚBLICO fonte próxima da família.

Fonte do Comando Metropolitano de Lisboa da Polícia de Segurança Pública (PSP) disse, de manhã, à Lusa que o corpo tinha sido encontrado às 10h48 nas traseiras do Colégio de São José, próximo do Hospital São Francisco Xavier, estando em avançado estado de decomposição. A PSP tomou conta da ocorrência. O caso ficou entregue à Polícia Judiciária.

Não é a primeira vez que cuidadores são impedidos de acompanhar doentes com demência nos serviços de saúde, apesar de existir há uma década uma lei que garante a todos os utentes o direito a estarem acompanhados neste tipo de unidades. Em 2023, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) recebeu 994 queixas relacionadas com "acompanhamento durante a prestação de cuidados" e no ano anterior recebeu 1018 denúncias.

Também chegam ao regulador da saúde protestos relacionados com o facto de pacientes que não são autónomos terem tido alta sem ter sido contactado o acompanhante ou em que houve falhas de vigilância e de controlo de saídas destes doentes. No ano passado, a ERS recebeu 116 queixas nestas situações. Com Mariana Oliveira

Notícia actualizada às 21h10

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