Hiroyuki Sanada é o Shogun entre portugueses no Japão de 1600
Grande aposta da FX, esta minissérie de dez episódio adapta o romance homónimo de 1975 assinado por James Clavell. Estreia-se esta terça-feira, via Disney+.
Estamos em 1600 e os católicos portugueses têm andado a fazer das suas no Japão, onde há muito lucram com o comércio. Há uma crise de poder em Osaka, na sequência da morte de um governante cujo filho ainda não tem idade para tomar o seu lugar, e cinco senhores da guerra estão na corrida ao título de shōgun, um todo-poderoso líder militar.
É este o contexto que sustenta Shōgun, a muito esperada minissérie da FX que se estreia esta terça-feira, chegando a Portugal via Disney+. Após a primeira leva de dois episódios, seguir-se-ão os outros ao ritmo de um por semana. Trata-se de uma enorme aposta do canal, uma megaprodução de dez capítulos que adapta o romance homónimo de 1975 assinado por James Clavell e passado no período Sengoku. O projecto foi inteiramente filmado no Canadá, onde se tentou reconstituir o Japão da época.
Shōgun já tinha tido uma versão televisiva em 1980, encabeçada por Richard Chamberlain, Toshirō Mifune e Yoko Shimada. Esta nova adaptação está a ser preparada há mais de uma década, mas só começou a ganhar proporções mais concretas quando o casal de argumentistas composto por Justin Marks (que trabalhou em filmes como a versão live action de O Livro da Selva, da Disney, e foi nomeado para um Óscar pela sequela de Top Gun) e Rachel Kondo pegou no projecto. E se há qualquer coisa de A Guerra dos Tronos no escopo da série e no seu tom épico, não é grande coincidência. Gina Balian, que trabalhou nessa série da HBO e entretanto foi ascendendo até co-presidente da FX Entertainment, está a desenvolver esta operação desde o início.
No centro de tudo está Hiroyuki Sanada, o veterano actor japonês muito versado em acção e artes marciais. O facto de Sanada ser o nome principal do elenco é uma mudança deliberada em relação à versão televisiva anterior, completamente orientada para uma perspectiva anglo-saxónica. É ele, também produtor executivo, que encarna a personagem principal da série, a haver uma: Toranaga, um senhor da guerra sediado em Tokugawa Ieyasu que se tornou líder do país. Acompanham-no na sua aventura uma intérprete que é mulher de um samurai, Toda Mariko (Anna Sawai), e um capitão inglês cuja embarcação holandesa foi dar ao Japão, ou seja, um forasteiro a descobrir toda uma nova cultura, John Blackthorne (Cosmo Jarvis).
No início do mês, Sanada esteve disponível para uma mesa-redonda virtual com a imprensa internacional. Já que há portugueses nesta história, a série tem no elenco nomes como Paulino Nunes, Louis Ferreira, Joaquim de Almeida ou Paul Moniz de Sá. "Eles falam em inglês, mas isso é um truque de entretenimento", disse o actor japonês ao PÚBLICO. "Eram pessoas muito importantes no Japão na altura, tentamos reexaminar a História através desta série", contou.
Sanada trabalha como actor no Japão desde criança, deu uma perna na acção de Hong Kong (incluindo no clássico Royal Warriors, ao lado de Michelle Yeoh), fez Shakespeare em Inglaterra, foi uma das caras da saga Ring, de Hideo Nakata, apareceu em filmes como O Último Samurai, 47 Ronin - A Grande Batalha Samurai, Wolverine ou Speed Racer e ainda surgiu em sagas como Avengers ou John Wick, tendo também sido visto em séries como Lost ou Westworld.
É, portanto, um daqueles actores que se vai buscar quando é preciso uma personagem japonesa, e orgulha-se abertamente de ser uma ponte entre o Japão e o mundo ocidental. "Tenho tido muitas oportunidades de trabalhar com equipas ocidentais em papéis japoneses, aprendi a colaborar com elas e a tornar tudo fácil de entender tanto para um público ocidental quanto para um público japonês. Vou aos poucos explicando e corrigindo coisas sobre a minha cultura. Usei essas habilidades todas em Shōgun, espero que tenha funcionado", remata.