Nvidia ganha 277 mil milhões em bolsa num só dia
Este crescimento fez da Nvidia a terceira empresa mais valiosa do mercado bolsista norte-americano, à boleia do mercado da inteligência artificial.
A Nvidia cresceu 277 mil milhões de dólares (cerca de 255 mil milhões de euros) em bolsa na quinta-feira, o que constitui o maior ganho diário na história de Wall Street, depois de o relatório trimestral da empresa fabricante de circuitos integrados (“chips”) ter excedido as expectativas e reactivado uma escalada alimentada pelo optimismo acerca da inteligência artificial.
As acções da empresa cresceram 16,4% e fecharam a 785,38 dólares (724 euros), um recorde, aumentando a sua capitalização bolsista para 1,96 biliões de dólares (1,81 biliões de euros), depois de o relatório trimestral de Janeiro, divulgado na quarta-feira, ter mostrado que a procura pelos circuitos integrados concebidos para a computação de inteligência artificial continua a ultrapassar as já altas expectativas dos analistas.
Os resultados da empresa sediada em Santa Clara, na Califórnia (EUA), atiraram mais lenha para uma escalada global em acções tecnológicas relacionadas com a inteligência artificial, fazendo com que os índices S&P 500, Stoxx 600 e o Nikkei atingissem valores recordes.
Os investidores transaccionaram acções da Nvidia no valor de 65 mil milhões de dólares (59 mil milhões de euros), o que representou praticamente um quinto de todas as transacções do S&P 500.
O crescimento da Nvidia em bolsa num único dia foi o maior da história de Wall Street, ultrapassando largamente o recorde da Meta, de 196 mil milhões de dólares (180 mil milhões de euros), alcançado a 2 de Fevereiro quando a dona do Facebook anunciou os seus primeiros dividendos e divulgou resultados robustos.
O crescimento do valor de mercado da Nvidia na quinta-feira foi superior ao da totalidade do valor da Coca-Cola, que é de 265 mil milhões de dólares (244 mil milhões de euros).
Este crescimento fez da Nvidia a terceira empresa mais valiosa do mercado bolsista norte-americano, ultrapassando a Amazon e a Alphabet (dona da Google), depois de nas últimas semanas ter disputado esse lugar com ambas as empresas tecnológicas gigantes.
A Microsoft e a Apple, avaliadas respectivamente em 3,06 biliões de dólares (2,82 biliões de euros) e 2,85 biliões de dólares (2,63 biliões de euros), são as duas empresas mais valiosas de Wall Street.
As acções da Nvidia cresceram 58% em 2024, representando mais de um quarto do crescimento do S&P 500 até ao momento. Isto faz com que as projecções para a Nvidia sejam fundamentais não apenas para os accionistas, mas também para os donos de fundos que gerem poupanças para a reforma.
“As pessoas que mais enriqueceram na febre do ouro de meados do século XIX foram as que forneciam os equipamentos, não as que estavam à procura do metal precioso”, comentou Russ Mould, director de investimentos na AJ Bell. “A Nvidia está a desempenhar o mesmo papel hoje nesta revolução tecnológica.”
Uma procura exponencial pelos “chips” da Nvidia usados por empresas que querem aumentar a sua oferta de produtos com inteligência artificial levou a empresa de Sillicon Valley a projectar um crescimento das receitas neste trimestre de 233%, acima dos 208% esperados pelos mercados.
Outros fabricantes de circuitos integrados para inteligência artificial também cresceram em bolsa, com a Advanced Micro Devices a crescer 11% e a Broadcom a crescer 6,3%. O índice de “chips” de Filadélfia valorizou 4,97% para um valor recorde, no seu maior ganho diário desde Maio de 2023.
O índice S&P 500 valorizou-se 2,11%, enquanto o Nasdaq cresceu quase 3%, ficando a muito pouco de bater o seu recorde de fecho, alcançado em Novembro de 2021.
A Super Micro Computer, que vende equipamentos para servidores relacionados com a inteligência artificial, cresceu mais de 30%, fazendo com que o seu crescimento este ano seja já superior a 240%.
A Nvidia, que controla cerca de 80% do mercado de “chips” para inteligência artificial, anunciou no quarto trimestre um salto nas receitas de mais de três dígitos face ao ano passado, para os 22,1 mil milhões de dólares (20 mil milhões de euros).
Alguns analistas receiam, no entanto, que as limitações nas vendas de “chips” à China podem estar a prejudicar o crescimento das receitas. As vendas na China representaram cerca de 9% das vendas no quarto trimestre da Nvidia, uma descida em relação aos 22% do trimestre anterior.
O crescimento rápido nas estimativas financeiras significa que a avaliação dos ganhos futuros da Nvidia decresceu, mesmo depois de as suas acções terem triplicado de valor no ano passado. Ainda assim, muitos investidores estão preocupados com o ritmo rápido de crescimento dos ganhos da Nvidia.
“Ultrapassámos largamente as expectativas e apostámos muito para os próximos três anos”, disse Paul Nolte, estratego de mercados na Murphy & Sylvest.
Pelo menos 17 corretores aumentaram os seus price targets depois de conhecidos os resultados. Entre os mais optimistas, a Rosenblatt Securities aumentou o seu price target de 1100 dólares (1015 euros) para 1400 dólares (1291 euros), o que representa um valor de mercado de 3,5 biliões de dólares (3,23 biliões de euros).
A UBS desceu o seu price target de 850 para 800 dólares, o que reflecte “algum potencial de abrandamento no crescimento de receitas”.
Os short sellers que apostavam na queda das acções da Nvidia apressaram-se a fechar essas transacções na quinta-feira, disse Ihor Dusaniwsky, director-delegado de análise na S3 Partners. Os short sellers tinham perdido mais de 2000 milhões de dólares, fazendo crescer as suas perdas para mais de 6,8 mil milhões de dólares no que vai do ano, disse Dusaniwsky.