Sempre sobre gelo fino, Benfica não caiu em Toulouse
Mesmo com uma exibição muito sofrível em França, os “encarnados” beneficiaram do acerto de Trubin e do desacerto dos avançados do 13.º classificado da liga gaulesa
A menos de uma centena de quilómetros dos Pirenéus e com temperaturas próximas do zero, a exibição do Benfica ajustou-se na perfeição ao que encontrou em Toulouse: foi sempre demasiado fria. Frente ao 13.º classificado do campeonato francês, os “encarnados” ainda equilibraram a partida na primeira parte, mas, nos últimos 45 minutos, pareceram estar sempre a jogar sobre uma camada de gelo fino, que podia quebrar a qualquer momento. Porém, apesar da exibição sofrível, o Benfica cumpriu o objectivo. Com o empate a zero, segurou a vantagem da primeira mão e garantiu a presença nos oitavos-de-final da Liga Europa.
Embalado pela goleada no fim-de-semana frente ao último classificado da liga portuguesa, Roger Schmidt, na antevisão do encontro que iria decidir se o Benfica garantia a entrada na Liga Europa, disse que a sua equipa estava a atravessar “uma boa fase” e que esperava um Toulouse diferente da partida no Estádio da Luz: “Precisa de pelo menos um golo para continuar. Veremos se tentarão arriscar desde o início.”
E, na verdade, apesar do treinador espanhol Carles Martínez ter apresentado o mesmo “onze” que iniciou o duelo em Lisboa, Schmidt não falhou a previsão. Forçado a marcar, o Toulouse entrou em campo sem medo o rival e, na metade inicial da primeira parte, foi sempre superior ao Benfica, embora sem causar grandes incómodos a Trubin.
Até aí demasiada amorfa e passiva, a equipa de Schmidt equilibrou a partir do minuto 20. O técnico alemão acabou por surpreender ao manter a estrutura base que tinha colocado em campo frente ao Vizela, com João Mário na zona central do meio-campo, David Neres no flanco direito e Casper Tengstedt como jogador mais avançado.
Mesmo tendo uma equipa com pouco músculo, o Benfica resistiu à pressão inicial do Toulouse e, aos 24’, Rafa desperdiçou a primeira oportunidade das “águias”. Quase na resposta, uma displicência de Di María dentro da área benfiquista apenas não deu golo por inépcia de Aron Donnum, mas, em cima do intervalo, no melhor momento benfiquista no jogo, António Silva surgiu isolado na cara do guarda-redes do Toulouse, mas não conseguiu vencer o duelo com Guillaume Restes.
A fase menos má do Benfica na parte final da primeira parte parecia ser um bom prenúncio para os últimos 45 minutos, mas Schmidt trocou Morato e Tengstedt por Álvaro Carreras e Arthur Cabral. Com isso, foi o Toulouse que ficou a ganhar.
Com uma equipa benfiquista ainda menos agressiva, o Toulouse encontrava mais espaço para surgir perto da baliza de Trubin e o guarda-redes ucraniano passou a ser o protagonista da partida: aos 47’, impediu que Vincent Sierro fizesse golo.
Com João Mário e João Neves sem capacidade para ganharem a luta a meio-campo, o Benfica perdeu o controlo e, em dez minutos, o Toulouse esteve por três vezes muito perto de marcar: Stijn Spierings (55’) e Rasmus Nicolaisen (60’ e 66’).
Perante o desnorte da sua equipa, que estava encostada às cordas, Schmidt apostou em Ausners – o norueguês entrou para o lugar de Neres, que passou ao lado do jogo -, e, três minutos depois, na primeira oportunidade do Benfica na segunda parte, o “8” das “águias” ficou a escassos centímetros de desviar de cabeça um cruzamento de Bah.
A partir daí, com pouco mais de 15 minutos para jogar, o Toulouse perdeu fôlego e deixou de surgir com tanto perigo junto da baliza de Trubin. No entanto, o Benfica nunca mostrou ter o encontro controlado, apenas respirando de alívio com o apito final.