Pedro Jóia volta aos originais com um disco de muitas cores

Sucessor de Zeca, dedicado à obra de José Afonso, Mosaico traz novos originais do guitarrista e compositor, com convidados. O lançamento é esta sexta-feira na Fnac Chiado, em Lisboa.

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Pedro Jóia TIAGO FEZAS VITAL
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Depois de um álbum inteiramente dedicado à obra de José Afonso, Zeca, lançado em 2020, Pedro Jóia está de volta aos discos de originais com Mosaico. E vai apresentá-lo esta sexta-feira na Fnac Chiado, às 18h, no dia em que chega às plataformas digitais.

Foi um projecto que nasceu no período pandémico, diz ao PÚBLICO: “Logo a seguir ao Zeca, o enclausuramento forçado proporcionou-me tocar muito a guitarra. A torneira da criatividade veio um pouco por aí, através do imenso tempo disponível que tive para começar a compor.”

Mosaico foi integralmente gravado em estúdio com a presença física de todos os músicos, a começar por José Salgueiro, nas percussões, com quem Pedro Jóia colabora há muitos anos. “Gosto muito do formato de guitarra e percussão e transpus esse formato dos concertos para o disco”, explica. Além do percussionista, participam no disco, como convidados, Victor Zamora (piano), José Manuel Neto (guitarra portuguesa), João Frade (acordeão), Edu Miranda (bandolim), Mbye Ebrima (kora), Denys Stetesnko (violino) e Nuno Abreu (violoncelo).

O título do disco tem um duplo significado: “Há a imagem do mosaico, de congregar peças de diferentes cores e texturas; mas, por outro, a palavra remete foneticamente para a palavra música, musique, mosaico.”

O tema de abertura, Ícaro, já Pedro o havia tocado com o seu trio (com João Frade e Norton Daiello) e, antes disso, no disco de estreia da guitarrista Marta Pereira da Costa (2016). “É um tema do qual gosto muito, mas que nunca tinha gravado num disco meu. Achei que era a altura de fazê-lo.”

Os convidados surgiram um a um: “No caso do Victor Zamora, eu compus aquele tema, pensei que devia ter ali um solo de piano e achei que ele era o músico indicado. O Fadinho do atentado tinha de ser com o José Manuel Neto, para lhe dar aquele sabor de Lisboa antiga. O Frade surgiu um pouco por acaso, mas foi uma boa forma de eu ter a participação dele neste meu disco.” Quanto ao temas com Edu Miranda, Pedro Jóia diz que “foram idealizados já de raiz a pensar nele”: “O Três pontas, por exemplo, foi composto a meias. Começou no universo do fado e vai na direcção do Brasil. Três Pontas é o nome de uma cidade em Minas Gerais e foi o Edu que o sugeriu.”

A composição Jula jekere tem arranjo de Pedro Jóia, mas é da autoria de Mbye Ebrima, que aqui toca kora, em diálogo com a guitarra de Jóia. Ebrima, que vive desde 2015 em Lisboa, nasceu na Gâmbia e aprendeu a tocar kora aos 16 anos. Num outro tema, Adagietto, Pedro dobra as guitarras: “Uso uma outra guitarra, levezinha, lá atrás, para fazer o acompanhamento.” A faixa conta, ainda, com outro duo de cordas, o violino de Denys Stetsenko (que, diz Pedro Jóia, “toca no violino a própria parte da viola”) e o violoncelo de Nuno Abreu (“também no registo do contrabaixo”). Denyz e Nuno participam ainda em O Fadinho do atentado.

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A capa do disco

Não é só em Adagietto que Pedro Jóia toca dois instrumentos. Também em Catania, que fecha o disco, acumula a guitarra e um cordofone turco, o cumbus. “Comprei-o em Istambul, pensando que em Lisboa iria aprender a tocá-lo de forma autodidacta. Depois apaixonei-me pelo instrumento. Na verdade, este tema, que compus exactamente em Catânia, na Sicília, achei-o muito próprio para o cumbus, porque ele representa aquela herança otomana, do Mediterrâneo Oriental, que tem também um pouco a ver com a cidade.”

Há ainda um outro tema de inspiração italiana, Acqua alta, com variações sobre dois motivos do Verão das Quatro Estações de Vivaldi. E existe uma razão para isso, conta o músico: “Estou a trabalhar há mais de dois anos com uma companhia italiana de teatro, a Compagnia Pippo Delbono, e estamos sempre em tournée. Fiz a música original desta última peça deles, já estou a trabalhar na próxima e também toco ao vivo com eles, o que me dá muito prazer.”

A partir desta sexta-feira nas plataformas digitais, Mosaico sairá também em CD e vinil. Depois das Fnac (a seguir à do Chiado estará a 3 de Março na do Norteshopping, em Matosinhos, às 16h), Pedro Jóia diz que o disco vai rodar por “muitas cidades”, em Portugal e fora dele, antes de um concerto em Lisboa, no São Luiz, em Janeiro de 2025.

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