Centro de Arte Moderna da Gulbenkian abre a 20 de Setembro com Leonor Antunes e mais
O edifício renovado pelo arquitecto Kengo Kuma e o jardim prolongado pelo paisagista Vladimir Djurovic estarão prontos para que neles se aproveite o Outono. Mulheres marcam programa de reabertura.
Foi em Julho de 2019 que todos ficámos a saber que seriam o arquitecto japonês Kengo Kuma, e com ele o paisagista libanês Vladimir Djurovic, os responsáveis pelo projecto de renovação do Centro de Arte Moderna (CAM) e de prolongamento do jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Passados quase quatro anos e meio e uma pandemia que contribuiu para alterações no calendário de obra, a reabertura tem finalmente data marcada – 20 de Setembro, a dois dias do fim do Verão.
Num comunicado que chegou esta quinta-feira ao final da manhã às redacções, a Gulbenkian faz saber que o programa de reabertura inclui uma “ambiciosa exposição” de Leonor Antunes, artista portuguesa radicada em Berlim, que dará a ver uma instalação imersiva ancorada nas características do edifício e que vai entrar em diálogo com as obras das mulheres artistas representadas na colecção do CAM, produzidas entre os anos 60 e a actualidade.
Esta colecção, que desde 1983 e até aqui estava instalada num edifício desenhado pelo arquitecto britânico Leslie Martin, com a colaboração da também arquitecta e designer Sadie Speight, vai também ser mostrada noutros espaços do edifício requalificado por Kengo Kuma, que terá ainda para oferecer aos visitantes uma outra exposição que tornará evidente a relação do pintor, designer gráfico e fotógrafo Fernando Lemos com o Japão, uma forma de homenagear o autor da renovação e o projecto que a orientou, muito inspirado na arquitectura tradicional nipónica e na sua ligação à natureza.
Linha de Maré é o nome desta primeira exposição com o acervo do CAM e vai reunir 90 obras, a maioria inspirada no 25 de Abril de 1974, trazendo o seu espírito até aos dias de hoje e partindo dele para falar de múltiplas revoluções.
Para além das exposições, a reinauguração contará com três dias de artes performativas, com um menu ainda por revelar na íntegra.
No mesmo comunicado da fundação, o director do CAM, Benjamin Weil, deixa claro que, mesmo que o seu passado seja já longo, esta requalificação dará origem a uma “nova instituição”. "O CAM está de volta! É uma nova instituição, com 40 anos de história e uma extensa colecção: um lugar onde assenta o futuro. Queremos ser um interface entre os projectos artísticos mais ousados e um público diversificado.”
Sem deixar de sublinhar a óbvia relação da fundação com os jardins, Weil apela à participação de todos, não apenas no programa desta reinauguração, e assume a vocação do centro falando sempre na primeira pessoa do plural — “[estamos] centrados nos artistas e orientados para o público” — e acrescentando: “Concebemos o CAM como um lugar onde as pessoas podem regressar vezes sem conta e incluir a experiência da arte na sua rotina, como fazem com um passeio no parque.”
Os que não quiserem perder o programa inaugural antes ou depois de “um passeio no parque” poderão, através do projecto da desigualdade constante dos dias de Leonor, juntar-se a Leonor Antunes para reflectir sobre a invisibilidade das mulheres no cânone da história da arte moderna e ainda ver nas salas obras do recheado acervo do CAM por ela escolhidas.