União Africana proíbe abate de burros para acabar com “elixir da juventude” chinês

A medida foi aprovada no domingo, dia 18 de Fevereiro, pelos 55 países que compõem a União Africana. Para a produção de ejiao são abatidos quase seis milhões de burros.

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União Africana proíbe abate de burros para acabar com “elixir da juventude” chinês REUTERS/Antony Njuguna
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Os 55 países que compõem a União Africana proibiram o abate de burros e a comercialização das peles dos animais que eram, até então, enviadas para a China e utilizadas na produzir ejiao, um “elixir da juventude” que, supostamente, atrasa o envelhecimento e melhora a fertilidade.

A medida foi aprovada no domingo, dia 18 de Fevereiro, no encerramento da Cimeira da União Africana, na Etiópia. Surge dias depois de um relatório da The Donkey Sanctuary, organização sem fins lucrativos que luta pela preservação dos burros, ter revelado que, por ano, são abatidos 5,9 milhões de burros para a produção de ejiao.

A Donkey Sanctuary, que tem sede no Reino Unido, destaca um “momento histórico” que vai “proteger os 33 milhões de burros” que existem em África, bem como garantir a continuidade da espécie neste continente, lê-se no site.

"Este é um resultado verdadeiramente importante para o bem-estar dos burros em África. A decisão de proibir o abate para o comércio de peles é extraordinária. Os asnos são criaturas sensíveis e inteligentes que merecem protecção para o seu próprio bem e para as inúmeras comunidades que dependem deles”, defendeu a directora da Donkey Sanctuary, Marianne Steele.

"Esperamos que esta decisão sirva de catalisador para que o resto do mundo actue agora, não só para salvar as populações de burros, mas também para reconhecer activamente o seu valor e protegê-los", completou.

Segundo a organização, a China dispõe de quintas destinadas à produção e abate destes animais, mas como não tem burros suficientes para responder à procura do elixir, muitos estão a ser importados ilegalmente de África. Na grande maioria das vezes, os animais são roubados durante a noite às comunidades rurais mais pobres que precisam deles para subsistir.

Neste continente, tal como na Ásia e América do Sul, os burros são encarados como animais de carga, utilizados na agricultura e como meio de transporte para as famílias terem acesso a água e comida. Quando são roubados, são a mulheres e as crianças que transportam a carga.

Apesar de a União Africana ter proibido agora o abate de burros na cimeira, a medida já está em vigor na Tanzânia e na Costa do Marfim desde 2022 e, no Quénia, desde 2020, quando foram encerrados todos os matadouros destas espécies. No Brasil, o tema está em discussão no Congresso.

Estima-se que existam 53 milhões de burros no mundo. O tempo de gestação dura entre 12 a 14 meses e, normalmente, só nasce uma cria.

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