Salvador Malheiro refuta ter recebido dinheiro em troca adjudicações

Antigo militante do PSD e actual líder do Chega de Ovar disse ao DN ter feito de correio entre um empreiteiro e autarca de Ovar. Malheiro nega e diz que se vai defender nos tribunais.

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Salvador Malheiro integra a lista de deputados da AD pelo distrito de Aveiro Anna Costa/Arquivo
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O número quatro da Aliança Democrática (AD) por Aveiro, Salvador Malheiro, refutou este sábado ter recebido envelopes com dinheiro em troca da adjudicação de uma obra e anunciou que vai apresentar na segunda-feira uma queixa-crime.

Em entrevista ao Diário de Notícias, o antigo militante do PSD e actual líder do Chega de Ovar, Mário Monteiro, contou que apresentou o empreiteiro José Barros de Sousa ao presidente da Câmara de Ovar, Salvador Malheiro, que está com mandato suspenso por integrar as listas da AD para as eleições legislativas de 10 de Março, e assumiu ter feito entregas de dinheiro a Malheiro em troca da adjudicação de uma obra.

"Refuto totalmente todas as acusações que foram feitas por esse senhor [Mário Monteiro] e naturalmente tenho de me defender e na próxima segunda-feira irá entrar uma queixa-crime contra essa pessoa porque tenho de defender a minha honra", afirmou, em declarações à entrada da sessão de apresentação de candidatos da AD por Aveiro, em Espinho.

Mário Monteiro, actual líder do Chega/Ovar, assume, em entrevista ao DN, que foi intermediário entre um empreiteiro e o presidente da Câmara de Ovar, mostrando-se disponível para contar a sua história ao Ministério Público. Segundo disse, para ganhar a obra, o empreiteiro tinha de dar 120 mil euros ao PSD.

"Isso é imaginação pura, uma ilusão e eu refuto liminarmente e será o grande objecto da minha queixa-crime", reiterou Salvador Malheiro, em declarações aos jornalistas.

Malheiro assume, contudo, que esteve com Mário Monteiro, que conhece como militante do PSD, "várias vezes", assim como com "o representante do empreiteiro em questões normais institucionais da câmara municipal".

"O que refuto liminarmente é aquilo que é vertido nessa entrevista (ao DN) de entregas de dinheiro e, portanto, esse senhor vai ter de provar que é verdade", avisou.

Para o autarca, o timing destas notícias visa "causar dano" a si próprio e à AD, ainda que acredite que "as pessoas já estão habituadas" ao aparecimento destes casos "no período quente do processo eleitoral".

Mostrando-se "forte e focado", o social-democrata disse desconhecer que esteja em curso qualquer investigação. "Tenho a consciência tranquila completamente, processos na câmara completamente cristalinos e uma conduta minha que tenho muito orgulho de a ter passado ao longo destes tempos", rematou.

Confrontado pelo DN com estas mesmas acusações, o empreiteiro José Barros de Sousa, apontado por Mário Monteiro como o corruptor activo de Salvador Malheiro, não quis fazer comentários.