Invasão da privacidade dos filhos de Rui Tavares dominou debate com Ventura

Fotos tiradas a filhos do líder do Livre na escola privada onde andam entraram no debate por iniciativa de Rui Tavares. André Ventura acusou-o de hipocrisia.

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Troca de acusações foi uma constante no debate entre André Ventura e Rui Tavares
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O debate televisivo para as legislativas de 10 de Março entre o co-porta-voz do Livre, Rui Tavares, e o presidente do Chega, André Ventura, foi dominado por fotografias que Tavares disse terem sido ilegalmente feitas aos seus filhos nas escolas que eles frequentam e que foram partilhadas em redes sociais dizendo que “estão em escolas internacionais”, ou seja, privadas. Ventura aproveitou a revelação para acusar o líder Livre de “hipocrisia” por defender a escola pública e ter os filhos no privado.

Esta revelação foi feita e condenada por Tavares na sua primeira intervenção e, embora nunca tenha dito que os seus filhos frequentam o ensino privado, aproveitou para colar o Chega a este tipo de práticas.

Depois de afirmar que a “mãe [dos seus filhos] é diplomata”, mencionando as obrigações desta carreira, disparou sobre André Ventura: “Pedro Frazão, do Chega, começou a utilizar este argumento como arma de arremesso político e dá nestas coisas. Foi colocada em causa segurança de crianças. (…) É um caso de devassa da vida privada.”

André Ventura disse não saber do que falava Tavares e perguntou ao líder do Livre se o Chega tinha alguma coisa a ver com os factos relatados. O porta-voz do Livre disse que não, mas insistiu que os membros do Chega têm comportamentos que fomentam estas práticas.

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Ventura aproveitou para fazer uma nova pergunta: “Os seus filhos andam numa escola privada?” A pergunta foi repetida várias vezes, Tavares nunca esclareceu, mas ficou claro que, de facto, frequentam uma escola privada, ao que Ventura concluiu: “Decidiu trazer exemplo de um familiar. Eu andei na escola pública a vida toda, se tem filhos na escola privada é uma escolha sua… estranho pelas coisas que defende. Isso é hipocrisia. (…) É a maior incoerência política que vi num debate.”

De resto, o frente-a-frente pouco discutiu as propostas de cada um, com os dois líderes partidários a trocarem quase sempre acusações sobre os mais variados temas, num dos menos esclarecedores debates até agora realizados.

Rui Tavares, por exemplo, acusou Ventura de ser “aliado de Trump, Bolsonaro e Orbán”. “Viktor Orbán [primeiro-ministro da Hungria] é o político mais corrupto da Europa e é aliado de Ventura, bem como são Trump e Bolsonaro. Prometeu defender a corrupção e hoje é um dos políticos mais corruptos da Europa e os seus familiares são os mais ricos do país. (…) O Chega faz parte do 'farsismo'. É uma farsa. 'Farsismo' nunca mais”.

André Ventura, por sua vez recordou que o Papa – "que dizem que eu não gosto" – agradeceu ao governo da Hungria por ter recebido refugiados e disse que Hungria e Itália abriram portas, sistemas de saúde e educação aos imigrantes. E acusou Rui Tavares de estar entre os “amigos” de Cuba, país que "apoia que [os seus] cidadãos lutem pela Rússia”. Disse ainda que Tavares pertenceu a uma organização internacional que é financiada “pelo maior oligarca do mundo, condenado por crimes financeiros”, George Soros.

George Soros é um milionário, filantropo e fundador da Open Society Foundations, conhecido por seu activismo político e apoio a causas progressistas. É frequentemente alvo de teorias da conspiração anti-semitas devido à sua ascendência judaica e ao seu envolvimento em políticas globais.

Em Março do ano passado o Papa Francisco agradeceu à Hungria o eu esforço para receber refugiados da Ucrânia. Notícia alterada às 13h41 do dia 19-2-2024. Acrescentada informação sobre George Soros e a Hungria.

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