Reino Unido vai pagar a influencers para dizerem a migrantes “não venham”

Ministério do Interior estará a preparar uma campanha nas redes sociais para controlar a imigração ilegal de cidadãos do Egipto e Vietname. Em 2021 e 2022 pagou à Meta para fazer o mesmo.

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Reino Unido vai pagar 5 mil euros a influencers para dissuadirem migrantes de entrarem no país Reuters/HENRY NICHOLLS
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O Ministério do Interior do Reino Unido está a preparar uma campanha que passa por contratar influencers, músicos, comediantes e outras figuras públicas para dissuadirem, através de vídeos publicados no TikTok, migrantes de virem para o país, avança o The Times, citando documentos oficiais.

Segundo o mesmo jornal, não é a primeira vez que o Governo britânico recorre às redes sociais para tentar afastar migrantes. Nos últimos três anos, o público-alvo eram os migrantes chegados à Bélgica, França e Albânia que entravam ilegalmente no Reino Unido de barco através do Canal da Mancha.

Agora, o secretário de Estado para Assuntos Internos britânico, James Cleverly, decidiu expandir a mensagem para o Vietname, Egipto e Iraque. A par destes, existem planos para incluir a Turquia e a Índia.

A campanha custará um milhão de euros e, segundo a Euronews, que cita os mesmos documentos, os influencers deverão publicar vídeos no TikTok e noutras redes sobre a arriscada travessia em pequenos barcos pelo Canal da Mancha onde, desde 2018, morreram pelo menos 64 pessoas.

Os influencers contratados devem também alertar para o risco de deportação para o Ruanda se os migrantes não tiverem documentos.

A lista de figuras públicas que serão contratadas ainda está a ser preparada. Para já, sabe-se que estão previstos 666 mil euros para pagar aos influencers, sendo que cada um deverá receber até cinco mil libras (5843 euros), escreve a mesma agência.

Em resposta, o Ministério do Interior britânico declarou que os documentos a que o The Times teve acesso estavam desactualizados e rejeitou os valores mencionados. No entanto, confirmou que está a pensar ampliar as campanhas anti-imigração ilegal das redes sociais para países como o Vietname e o Egipto e admitiu a participação de figuras conhecidas.

“Os contrabandistas de pessoas utilizam frequentemente as redes sociais para vender mentiras e promover actividades criminosas e é vital que utilizemos as mesmas plataformas para informar os migrantes sobre as verdades em relação à travessia do Canal da Mancha e a chegada ilegal ao Reino Unido”, afirmou fonte do ministério, cujo nome não foi revelado.

“A acção incansável que liderámos reduziu as travessias em 36% no ano passado [em relação a 2018], que registou condições semelhantes às de 2022. Não pedimos desculpa por utilizar todos os meios necessários para parar os barcos e salvar vidas”, completou.

30 mil euros para Meta publicar anúncios anti-imigração

Segundo a Vice, o Ministério do Interior já contratou uma empresa de marketing chamada Multicultural Marketing Consultancy para acrescentar e contratar os nomes da lista, contudo.

Os vídeos não terão o logótipo do Governo britânico. Ainda assim, destaca o site, “por motivos de transparência” os influencers terão de expor a ligação ao ministério.

O The Independent escreve ainda que o país está, há vários anos, a lutar contra a entrada de migrantes e adianta que, em 2016, o Ministério do Interior pagou 2,3 milhões de euros a uma empresa sediada em Hong Kong para alertar a população de África sobre os riscos das travessias de barco através de uma “campanha de sensibilização” contra a imigração para o Reino Unido.

Mais recentemente, entre Janeiro de 2021 e Setembro de 2022, o mesmo departamento entregou pelo menos 30 mil euros à Meta (empresa que detém o Facebook e o Instagram) para que fossem exibidos anúncios dirigidos a pessoas que vivem no Norte de França e na Bélgica sobre as viagens em barcos de migrantes.

Os números oficiais apontam para a chegada de 100 mil migrantes ao Reino Unido desde 2018, que viajaram em pequenas embarcações. Nos últimos anos, os números diminuíram, mas em 2023 foram 30 mil os que entraram no país.

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