Um drone voa baixinho sobre um estaleiro naval coberto de neve no extremo oriente da Rússia. Vemos os profissionais a trabalharem em temperaturas abaixo de zero para fazer a manutenção das enormes embarcações durante o rigoroso Inverno siberiano.
O processo de "vymorozka", que se traduz de forma livre como "congelamento", é um trabalho árduo e tedioso que dura semanas nestas que são das condições mais severas do mundo, com temperaturas que rondam os 50 graus Celsius negativos.
Os trabalhadores lascam o gelo que envolve os navios, à procura de áreas que precisam de reparação. Durante os meses de Inverno, as embarcações estão ancoradas no porto de Yakutsk, nas margens do rio Lena, que é a força económica da Sibéria no Verão.
Os habitantes de Yakutia, a maior república da Rússia em extensão territorial, consideram a "vymorozka" um dos trabalhos mais difíceis do mundo, mas os próprios trabalhadores dizem que é tudo uma questão de perspectiva.
"É vestir-se da maneira certa e pronto. Quando chegamos [a um edifício aquecido] e nos despimos, é como uma sauna, sai vapor de nós", disse à Reuters o operário Mikhail Klus, de 48 anos, enquanto fazia uma pausa no corte do gelo com uma motosserra.
"Não acho que seja o trabalho mais difícil — há trabalhos ainda mais difíceis do que este, mas é provavelmente um dos trabalhos mais difíceis... É preciso tentar compreender, é preciso gostar do frio e gostar de trabalhar nele", afirmou. O trabalho exige não só resistência e força, mas também uma precisão extrema.
Os trabalhadores têm de ter o cuidado de não cortar o gelo de forma demasiado rápida e de não penetrar na água que se encontra por baixo. Se o fizerem, o que foi esculpido pode ficar submerso e o trabalho perde-se.
Quanto mais frio estiver o tempo, melhor o gelo congela e mais suave é o trabalho, embora as temperaturas sejam bastante duras para alguns trabalhadores.
"Por vezes, quando estamos a ficar congelados, sentimos emoções negativas por causa disso", disse Artyom Kovalec, de 22 anos, debaixo de uma espessa camada de casacos, com uma picareta nas mãos protegidas por luvas. "Sentimos que está demasiado frio para trabalhar, queremos ir para casa, comer e relaxar. Por isso temos de nos controlar."