Papa Francisco vai visitar o Pavilhão da Santa Sé na Bienal de Arte de Veneza
Visita acontecerá a 28 de Abril, à prisão feminina de Veneza-Giudecca, que vai acolher a exposição Com os meus olhos, comissariada pelo cardeal José Tolentino de Mendonça.
O Papa Francisco vai visitar o Pavilhão do Vaticano na 60.ª Bienal de Arte de Veneza no próximo dia 28 de Abril, que, como já tinha sido anunciado, será comissariado pelo cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério da Cultura e da Educação da Santa Sé.
O anúncio da visita foi formalizado esta terça-feira, dia de Carnaval, na Cidade do Vaticano, através de um comunicado assinado pelo cardeal português e endereçado ao presidente da Bienal, Pietrangelo Buttafuoco – que no final do mês de Março irá substituir no cargo Roberto Cicutto, o produtor cinematográfico italiano nomeado em 2020, mas cujo mandato de quatro anos foi interrompido por decisão do actual Governo de Giorgia Meloni.
Segundo avança o comunicado, o Pavilhão da Santa Sé vai ser instalado em vários espaços da prisão feminina de Veneza-Giudecca, sob o título Com os meus olhos. Recorde-se que o tema geral da bienal deste ano, a decorrer entre 20 de Abril e 24 de Novembro, é Estrangeiros em Todos os Lugares, uma escolha ainda feita por Roberto Cicutto e pelo curador geral do evento, o brasileiro Adriano Pedrosa. E a representação portuguesa no evento vai ser assegurada pela artista e investigadora Mónica de Miranda.
Com José Tolentino Mendonça – que, no ano passado, foi também o responsável pelo regresso do Vaticano à Bienal de Arquitectura de Veneza, com uma instalação concebida por Álvaro Siza e pelo Studio Albori –, vão desenhar a nova instalação de arte na bienal veneziana os curadores Chiara Parisi (directora do Centro Pompidou-Metz) e Bruno Racine (director do Palácio Grassi, em Veneza). O projecto e a montagem da exposição ficam a cargo do arquitecto italiano Roberto Cremascoli e do seu atelier Cor, desde há anos sediado na cidade do Porto.
A exposição Com os meus olhos vai contar com obras dos artistas Maurizio Cattelan, Bintou Dembélé, Simone Fattal, Claire Fontaine, Sonia Gomes, Corita Kent, Marco Perego & Zoe Saldana, Claire Tabouret e uma participação especial do crítico, historiador e curador suíço Hans Ulrich Obrist, que dirige a galeria Serpentine, em Londres.
Numa declaração associada ao comunicado da Santa Sé, o ainda presidente da Bienal, Roberto Cicutto, afirma acolher “com alegria a notícia da visita do Papa Francisco ao Pavilhão da Santa Sé na Bienal de Arte de 2024 na prisão feminina de Giudecca”, acrescentando que ela significa também “um gesto de atenção a toda a Bienal de Veneza”.
Esta será a primeira visita do Papa Francisco à cidade dos canais, 13 anos depois da presença de Bento XVI, a 8 de Maio de 2011 (e também de João Paulo II, em 1985, e de Paulo VI, em 1972).
Em declaração ao site oficial Vaticano News, o patriarca de Veneza, Dom Francesco Moraglia, expressa a sua gratidão ao Papa Francisco por uma iniciativa que “deve relançar o caminho da fé e o testemunho cristão” tanto em Veneza como na região.
“A visita terá um fio condutor comum: caridade e cultura”, acrescenta Dom Moraglia, que é também membro do Dicastério para a Cultura e a Educação. Lembrando que “visitar os presos é uma das obras de misericórdia corporais”, o patriarca veneziano promete planear um evento – que incluirá a celebração de uma missa – “em que os jovens sejam os protagonistas”. “Vamo-nos preparar bem espiritualmente, pessoalmente, como uma comunidade. É um evento da graça, significativo, que deve relançar a nossa jornada de fé e o nosso testemunho cristão nas nossas terras e na nossa cidade”, diz ainda Francesco Moraglia.
Notícia actualizada com referência à visita do Papa Francisco