Localidade francesa votou para proibir uso de smartphones na rua — e o “sim” ganhou

Seine-Port foi a votos, mas só 277 dos quase dois mil habitantes participaram no referendo. Mesmo assim, a maioria votou a favor, por isso, os telemóveis ficarão proibidos nos espaços públicos.

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Seine-Port votou pela proibição do uso de smartphones em locais públicos William Fortunato/Pexels
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Na localidade de Seine-Port, no Sul de Paris, os habitantes querem proibir o uso do telemóvel em todos os espaços públicos, ​e mostraram-no num referendo no início de Fevereiro. Desde essa altura, as montras das lojas, cafés e restaurantes afixaram cartazes em sinal de apoio, os comerciantes já estão a pedir aos clientes para os guardarem e o autarca destaca a necessidade de travar uma luta contra o que apelida de “invasão dos smartphones”.

Os habitantes de Seine-Port foram a votos no primeiro fim-de-semana deste mês para proibir o uso de telemóveis com acesso à Internet em locais públicos independentemente da idade.

Dos menos de dois mil habitantes, 277 participaram no referendo e 54% votaram a favor, escreve o Guardian. Agora que a medida recebeu o "sim" da população, o autarca local terá de redigir aquele que será o primeiro decreto municipal sobre a utilização de smartphones em França.

No entanto, e como não existe uma lei no país contra o uso destes telemóveis, a polícia não pode apreender ou multar quem os continue a utilizar na rua.​

A população votou também a favor de um conjunto de recomendações a pensar nas crianças: nada de smartphones, tablets ou televisão de manhã, antes de dormir, durante as refeições e no quarto. E, se os pais se comprometerem, por escrito, a não darem um aos filhos antes dos 15 anos, a câmara municipal promete oferecer um telemóvel dos mais antigos (ou seja, dos que têm teclas) para que os jovens possam fazer chamadas.

Segundo o autarca Vincent Paul-Petit, do partido de direita Os Republicanos, a medida é uma forma de evitar que o contacto entre os habitantes se perca: “Não se trata de proibir todos os telemóveis, trata-se de propor que as pessoas se abstenham de utilizar os smartphones para usarem as redes sociais, jogarem jogos ou verem vídeos em espaços públicos porque queremos preservar para a vida social”, afirmou. E se estiverem perdidos, acrescentou, podem perguntar informações aos locais e esquecer o GPS.

“Entendo que a palavra 'proibição' possa ofender algumas pessoas. Mas o que é importante é abrir um debate”, acrescentou Vincent Paul-Petit.

E o debate, assumidamente geracional, coloca de lados opostos habitantes mais velhos, que votaram a favor, e mais jovens, que são contra. Os primeiros defendem que a medida só vem aumentar a consciencialização sobre o impacto que os telemóveis têm na vida de cada um e rejeitam que a restrição seja “um ataque à liberdade”.

Os segundos, por outro lado, destacam que não há grande oferta cultural em Seine-Port para se entreterem e recordam que um smartphone não serve apenas para usar as redes sociais — é também ferramenta de conhecimento.

“Passo cinco horas por dia no telemóvel, o que considero razoável. Também leio livros, mas gosto de ver coisas no telemóvel na rua. Não se pode proibir o conhecimento na ponta dos dedos", afirmou Gabriel Rodier, 20 anos.

Em resposta às queixas dos mais novos, Vincent Paul-Petit prometeu construir um recinto para actividades desportivas e de lazer, criar um cineclube e locais para que possam trocar livros.

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