Maria Teresa Horta será directora do PÚBLICO no seu 34.º aniversário
“Ser mulher em liberdade” é o tema do 34.º aniversário do PÚBLICO. Escritora, jornalista e uma das mais conhecidas feministas portuguesas aceitou o convite para ser o rosto dessa edição.
Maria Teresa Horta será a directora por um dia da edição do 34.º aniversário do PÚBLICO, a 5 de Março. “Ser mulher em liberdade” é o mote que inspira uma série de reportagens, ensaios e entrevistas que publicaremos nas próximas semanas e na edição especial desse dia.
Também a 5 de Março, a Culturgest, em Lisboa, será palco de uma grande conferência do PÚBLICO. No ano em que o país se mobiliza para celebrar os 50 anos de democracia, queremos discutir o lugar das mulheres hoje e as barreiras que persistem à igualdade de oportunidades, nos mais diversos sectores da sociedade. O tema, diz Maria Teresa Horta, é crucial: “Estamos atrasadíssimos” neste capítulo.
Escritora, jornalista e uma das mais conhecidas feministas portuguesas, Maria Teresa Horta é co-autora, com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, de Novas Cartas Portuguesas, o livro publicado em 1972 que escandalizou o regime marcelista, valeu às autoras um processo por ofensa à moral pública e ficou conhecido em todo o mundo como “o caso das três Marias”.
“Que bom haver uma Maria connosco neste momento, em que se aproximam 50 anos do 25 de Abril e, portanto, 50 anos do dia 7 de Maio, em que, depois de um longo percurso e uma grande aventura, foi feita justiça”, disse o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, quando, em 2022, entregou à escritora a Ordem da Liberdade. Sete de Maio de 1974 foi o dia em que “as três Marias” foram absolvidas. “O livro não é pornográfico, nem imoral. Pelo contrário: é obra de arte, de elevado nível, na sequência de outros que as autoras já produziram”, considerou o tribunal. Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa morreram em 2016 e 2020, respectivamente.
Maria Teresa Horta nasceu em 1937. Estreou-se na poesia com a obra Espelho Inicial (1960) e é a autora de Minha Senhora de Mim (1967). Escreveu dezenas de livros. Recebeu vários prémios. Em 2011, recebeu o Prémio D. Dinis - Casa de Mateus pelo romance histórico As Luzes de Leonor (Dom Quixote).Em 2014, ano em que lhe foi atribuído o Prémio Consagração de Carreira pela Sociedade Portuguesa de Autores, editou o volume de contos Meninas. Com o livro de poesia Estranhezas recebeu o prémio literário Casino da Póvoa/Correntes d'Escritas em 2021. O último, Paixão, foi publicado em 2021. Em sua casa, em Lisboa, continua a escrever poesia, todos os dias.
Ao longo dos anos, o cargo “director por um dia” no PÚBLICO foi sendo interpretado pelos nossos convidados — como os escritores António Lobo Antunes e Afonso Reis Cabral, a comissária europeia Elisa Ferreira ou a música brasileira Adriana Calcanhotto — de formas muito diferentes. Mas, no essencial, o “director por um dia” prepara ou ajuda na preparação da edição especial de aniversário. Em 2023, desafiámos o artista e activista chinês Ai Weiwei, vítima de perseguição no seu país e actualmente a viver em Portugal. No ano anterior, tinha sido Catarina Mota, uma das jovens portuguesas que, em 2020, moveram uma acção contra 33 Estados no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos por causa das alterações climáticas; e em 2021, com o país e o mundo marcados pela pandemia de covid-19, fomos dirigidos pelo cientista Sobrinho Simões.