2023 foi bom para os jogos de tabuleiro, mas 2024 poderá ser ainda melhor

Os jogos digitais são imensamente populares, mas não estão a destruir os jogos físicos. Muito pelo contrário, pois o tipo de experiências que proporcionam são complementares e diferentes.

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Megafone P3: 2023 foi bom e 2024 poderá ser ainda melhor para os jogos de tabuleiro Pexels/ Pavel Danilyuk
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Os jogos de tabuleiro não são uma coisa do passado, muito pelo contrário. Quer seja o lado sério da aplicação dos jogos a projetos, quer pelo lado mais lúdico da indústria dos jogos de tabuleiro, estamos a viver um período singular. Estima-se que o mercado mundial dos jogos analógicos em 2023 foi de cerca de 3,5 mil milhões de dólares, com uma taxa de crescimento a passar dos 10%. Ou seja, os jogos digitais são imensamente populares, mas não estão a destruir os jogos físicos. Muito pelo contrário, pois o tipo de experiências que proporcionam são complementares e diferentes.

Alguns jogadores procuram experiências imersivas, vastas, detalhadas e que podem juntar pessoas de todo o mundo instantaneamente através dos ecrãs. Muitos outros jogadores procuram ligar-se presencialmente às pessoas, especialmente amigos, família e pessoas com quem partilham preferências e valores. Os jogos de tabuleiro podem servir igualmente para conhecer novas pessoas e reforçar laços. Cá em Portugal já temos muitas associações que fazem estes encontros e cafés de jogos de tabuleiro nos principais pólos urbanos.

O panorama criativo dos jogos de tabuleiro modernos é altamente dinâmico. Dizemos que são modernos porque incluem novos elementos de design que permitem novas interações e simulação. Têm também componentes, peças e ilustrações que cativam imediatamente — adultos e não só. Em 2023 assistimos ao sucesso de Hegemony: Lead Your Class to Victory que desafia os jogadores a assumir uma classe social e a lutar pelos seus interesses, enquanto competem e colaboram no sistema social. Em Earth construímos o ecossistema de uma ilha, combinado a geologia, clima e desenvolvimento de espécies animais e vegetais num novo sistema. Em Nucleum gerimos um mundo fantasioso alimentado por energia nuclear, enquanto em Evacuation tentamos deslocalizar a espécie humana para habitar outro planeta. Em Kutná Hora ajudamos a construir a famosa cidade checa da prata. Em Ready Set Bet experimentamos um jogo híbrido com uma aplicação que nos transporta para o entusiasmo das corridas de cavalos. The Witcher: Old World transforma a conhecido jogo digital numa aventura a solo ou coletiva analógica, com miniaturas e muito mais.

Também as editoras portuguesas estão a contribuir para esta mudança, embora ainda sem toda a complexidade e grande escala que vemos noutras paragens. Temos os originais da Pytagoras: Celtae que nos apresenta o desenvolvimento do mundo celta, Gods of Rome para o imaginário mitológico romano, e Lata sobre a nossa indústria conserveira. A Devir Portugal traz o incrível The White Castle, que testa ao limite a nossa capacidade de gerir detalhes e combinações do mundo japonês pré-industrial. A Mebo traz o simples e animado Gato, Taco, Cabra, Queijo, Pizza que toda a família vai poder jogar. Divercentro disponibiliza clássicos como Port Royal, tendo já anunciado para 2024 a edição portuguesa do surpreendente Wyrmspan, um jogo sobre ecossistemas de dragões, mas também Cat in The Box que explora a experiência do gato de Schroedinger num jogo abstrato de cartas. Igualmente simples e cativante é Cascadia da Salta da Caixa.

Existem muitos outros. Embora seja uma oferta menos variada do que existe internacionalmente, Portugal começa a seguir a tendência. Se tiverem curiosidade para conhecer mais sobre estes jogos e a cultura dos jogos de tabuleiro modernos podem sempre visitar o meu canal de Youtube e muitos outros criadores de conteúdos da especialidade. Se 2023 foi excelente para os jogos de tabuleiro modernos, 2024 será de certeza ainda melhor. As novidades prometem.

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