Debate PS X PAN: Pedro e Inês no país do pára-arranca e da transição verde com lítio

Pedro Nuno Santos criticou a ambiguidade do PAN por ter “um pé de um lado, outro do outro” por ter feito um acordo com o PSD na Madeira. A diferença está nas touradas, responde Inês de Sousa Real.

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Pedro Nuno Santos e Inês de Sousa Real José Alves
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Há uma história de amor a três entre o PS, o PAN e o combate às alterações climáticas, e Pedro Nuno Santos esforçou-se por mostrar que gosta mais da transição verde do que Inês de Sousa Real. No frente-a-frente deste sábado à noite, ambos fizeram os seus votos à causa comum — o ambiente e não fecharam portas a conversas futuras com vista ao apoio do PAN a um novo governo socialista.

A conversa na TVI, aliás, começou logo por aí, com a jornalista a perguntar a Inês de Sousa Real se exigiria um acordo escrito ou um lugar no executivo de Pedro Nuno Santos. A líder do PAN respondeu com o óbvio: o seu compromisso com as causas e disponibilidade para fazer acordos com o partido que esteja em condições de governar após 10 de Março. Prognósticos só no fim do jogo.

Ao pegar na palavra, Pedro Nuno Santos começou por dirigir-se a outro adversário, para corrigir o que dissera na véspera Luís Montenegro sobre um cortes nas pensões feito pelo executivo socialistas com a fórmula de cálculo aplicada no ano passado: “Foi dita uma inverdade e é preciso repor a verdade, o Governo do PS não fez qualquer corte de pensões”, afirmou.

E logo se virou para Inês de Sousa Real: “Nunca percebi esta posição de ter um pé num lado e outro no outro, quando ali [na coligação PSD/CDS/PPM] estão partidos que estão nos antípodas do PAN em matéria climática, por exemplo”. A diferença, respondeu Inês, é que “não há touradas na Madeira”.

A seguir vieram as diferenças sobre o novo aeroporto, com Inês de Sousa Real a defender indirectamente a localização em Beja para “aproveitar infra-estruturas existentes” e por ser uma "solução económica e ambiental equilibrada". “Não faz sentido Alcochete-Montijo”, defendeu, lembrando os riscos ambientais e para as aves.

“O importante é decidir”, saltou do outro lado da mesa o ex-ministro das Infra-estruturas: “Foi feita uma avaliação ambiental estratégica, não podemos perder nem mais um dia. Não temos de inventar! Há um relatório, uma avaliação de impacto ambiental, o que é que vamos estudar mais? Já estudamos 19 localizações. O que falta é decidir”, insistiu.

Pegando na deixa da líder do PAN sobre ferrovia, apressou-se também a apresentar resultados: “Temos praticamente toda a nossa rede ferroviária em obra por causa de um governo do PS e já agora, por causa de mim também. É aqui que se fala de combate às alterações climáticas, a ferrovia é o maior contributo que podemos dar ao país e ao clima”, afirmou.

Ainda faltava falar do lítio e da proposta do PAN para suspender as licenças de exploração deste mineral e da construção do datacenter em Sines enquanto decorrem investigações judicias sobre as concessões. “Estamos no país do pára-arranca. A transição verde precisa de baterias e de lítio nas baterias”, sublinhou Pedro Nuno Santos.

Foi mais uma oportunidade para repetir a necessidade de casar o pragmatismo e com a paixão ambiental: “Temos de conciliar interesse ambiental com interesse económico, temos de aproveitar as riquezas do país. Devemos saber explorar o lítio respeitando o ambiente, mas não abdiquemos dele”, sustentou.

Inês de Sousa Real respondeu à defesa: “Não somos contra o progresso para essa transição energética, mas que estes projectos não ponham em causa o ambiente”. E mudou o tema para defender a descida de impostos no IRS, no IRC com limites e nas tributações autónomas.

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“Desenvolver a economia não é só com choques fiscais que não se sabe que impacto vão ter”, ripostou Pedro Nuno Santos, afirmando que apenas 0,2% das empresas são responsáveis por 45% da receita e que “quem reinveste os seus lucros e os distribui, que investe em projectos de responsabilidade social, já consegue baixar substancialmente o IRC”.

Ainda se falou de saúde, com ambos a defender a valorização salarial e a protecção do SNS, mas de raspão, pois Pedro Nuno Santos quis fechar a conversa com chave verde: “Nós temos um compromisso com a transição climática e não tenho dúvidas e o PAN também não que haveria um retrocesso em matérias climática se o PS não continuar a governar”.

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