Qatar conquista Taça Asiática, mas Jordânia merecia uma final mais feliz

Akram Afif, melhor marcador da competição, selou triunfo com três penáltis e um par de truques de cartas, perante adversário valoroso traído pelo VAR.

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O Qatar teve de enfrentar a arte do futebol da Jordânia Reuters/THAIER AL-SUDANI
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O Qatar revalidou este sábado o título de campeão da Taça Asiática, proeza que nenhuma selecção conseguira nos últimos 20 anos (desde as conquistas consecutivas do Japão em 2000 e 2004), negando, assim, um dia histórico à selecção da Jordânia, estreante em finais deste calibre que se bateu, mas perdeu (1-3) com três penáltis da selecção da "casa".

O Qatar igualou ainda o número de troféus da Coreia do Sul, com dois títulos, ficando a um de Arábia Saudita e Irão e a dois dos nipónicos.

Um triunfo construído a partir de um primeiro penálti (22') que os jordanos dificilmente esquecerão, numa final em que praticamente tudo jogava a favor da equipa da casa, a começar pela diferença de potencial, o que em finais nem sempre é suficiente para confirmar favoritismos, como se verificou em Lusail.

Bem posicionado, o árbitro chinês Ning Ma, que até esteve ao nível dos acontecimentos, assinalou penálti aos 20 minutos, por “rasteira” a Akram Afif, numa decisão natural sem recurso a repetições… Um toque quase imperceptível, mas suficiente para convidar o avançado do Qatar a um mergulho cinematográfico.

Palavra ao VAR, a quem se pedia, no mínimo, coragem para chamar o árbitro a rever as imagens para decidir em consciência. Coragem por se tratar do Qatar, detentor do título, a jogar perante o emir, o xeque Tamim bin Hamad al-Thanie – dono do PSG e candidato à compra do Manchester United.

Coragem que a Jordânia merecia, mas a que não teve direito, vendo-se forçada a contrariar a solo o peso da história e de uma final ingrata... decidida com um segundo penálti (de difícil avaliação), ao 72', que escapou a Ning Ma, mas que o VAR não deixou passar e, ainda, por um terceiro penálti já em período de compensação (90+5').

Na sequência do primeiro penálti, Akram Afif assinou o sexto golo do torneio (igualou o iraquiano Aymen Hussein, no topo dos melhores marcadores) e ainda teve tempo para novo truque, ao tirar uma carta das caneleiras para impressionar as bancadas com um golpe de ilusionismo, fazendo desaparecer a própria fotografia.

Afif esteve, perto do intervalo, em risco de também ele desaparecer do jogo, na sequência de uma lesão que o avançado do Al-Saad, líder da Liga do Qatar, superou para prosseguir na segunda parte e repetir a façanha ao marcar o segundo e terceiro penáltis, tornando-se no goleador da Taça Asiática com 8 golos.

Entretanto, a Jordânia acabara os 45 minutos iniciais a justificar o empate que a defesa do Qatar negou num par de ocasiões. Embalados, os jordanos carregaram logo após o reatamento, criando a dúvida nas hostes locais.

Dois remates acrobáticos, um disparo a pedir retoque na tinta do poste e a atenção do guarda-redes do Qatar tornavam óbvio o domínio da Jordânia, que ia desesperando pelo golo que lhe permitisse contrariar o destino que parecia traçado desde o início.

Um golo anunciado e confirmado aos 67 minutos, num cruzamento para o coração da área, com recepção irrepreensível e disparo pronto de Yazan Al-Naimat.

Sol de pouca dura, encoberto pelo segundo penálti, demasiado cruel para os jordanos, que, ainda assim, saíram de cabeça bem erguida, depois de um hat-trick de grandes penalidades.

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