Da lei dos debates à emigração no tempo da troika — factos do debate entre BE e Livre

Quase tanto lado a lado como frente a frente, Mariana Mortágua e Rui Tavares discutiram emigração, habitação e política externa. Fora um ou outro número ao lado, debateram com factos em cima da mesa.

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Debate entre Mariana Mortágua e Rui Tavares DR
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✔️ “Esta lei [dos debates] tal como existe, foi redigida no tempo em que Luís Montenegro era líder parlamentar do PSD” Rui Tavares

No arranque do debate com Mariana Mortágua, depois de ambos os candidatos condenarem a possível ausência de Luís Montenegro nos debates com o PCP e o Livre, Rui Tavares afirmou que a lei dos debates tinha sido redigida “no tempo em que Luís Montenegro era líder parlamentar do PSD”.

A lei em questão não só foi redigida nessa altura, como o projecto de lei que lhe deu origem é da autoria do próprio Luís Montenegro (com Carlos Abreu Amorim, do PSD, e Nuno Magalhães e Telmo Correia, do CDS). Trata-se da Lei 72-A/2015, promulgada a 17 de Julho de 2015 pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

No artigo 7.º, a lei dita que “a representatividade política e social das candidaturas é aferida tendo em conta a candidatura ter obtido representação nas últimas eleições, relativas ao órgão a que se candidata”.

No entanto, sublinha a legislação, isto não invalida “a possibilidade de os órgãos de comunicação social incluírem, no exercício da sua liberdade editorial, outras candidaturas nos debates que venham a promover”.

✔️“A emigração no tempo da troika esteve a níveis só comparáveis com os da guerra colonial” Rui Tavares

Com o tema da emigração em cima da mesa, Rui Tavares afirmou que, apesar de os números de emigração actuais serem muito elevados, não são um recorde: “A emigração no tempo da troika esteve a níveis só comparáveis com os da guerra colonial.”

Segundo os dados do INE, disponíveis no site da Pordata, emigraram entre 1961 e 1974 (anos da guerra colonial) um total de 908.402 pessoas (o que dá uma média, 69.877 emigrações por ano). De 2011 a 2014, anos durante os quais foi posto em prática o programa de ajustamento da troika, emigraram 485.128 pessoas (em média 121.282 emigrações por ano). Na realidade, a média dos quatro anos da troika suplantou a média dos 14 anos da guerra.

Foi também durante a guerra colonial e no período da troika que se verificaram cinco dos seis anos em que o número de emigrantes excedeu os 100.000: em 1966, 2011, 2012, 2013 e 2014. O outro ano em que tal se verificou foi 2015.

✔️“Só enfermeiros, no último ano, 1700 fizeram pedidos para sair do país”Mariana Mortágua

A coordenadora do BE sublinhou o facto de Portugal estar a perder muita gente, incluindo jovens, que decidem emigrar. Referiu, inclusivamente, que no último ano houve 1700 enfermeiros a pedir para irem trabalhar para fora.

No final de Janeiro, a Ordem de Enfermeiros já tinha alertado para a grande perda de profissionais saídos para o estrangeiro. Não são exactamente 1700, mas um número bastante próximo: houve 1689 pedidos de declaração para efeitos de emigração.

✔️“A Constituição da República Portuguesa, no seu artigo sétimo, defende a dissolução dos blocos militares” Mariana Mortágua

Foi já na recta final do debate que Mariana Mortágua afirmou, sobre a presença de Portugal na NATO, que a Constituição “defende a dissolução dos blocos militares”.

Tal é verdade, e está no artigo 7.º, como afirmou a líder bloquista. “Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos”, lê-se no mesmo artigo.

Veja aqui as provas dos factos anteriores:

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