Rui Costa avaliou transferências “encarnadas” e sublinhou o sangue novo

Presidente do Benfica justificou as saídas e entradas na janela de Inverno, falou de Rafa e Di María e deixou uma palavra de esperança a Eriksson.

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Rui Costa, presidente do Benfica LUSA/MIGUEL A. LOPES
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Rui Costa, presidente do Benfica, fez esta sexta-feira, em entrevista à BTV, canal oficial do clube, o balanço do último mercado de transferências do clube da Luz, falando de "sangue novo" num plantel que considerou "forte, equilibrado e com potencial para discutir todas as competições"​.

Depois de justificar as opções e decisões, Rui Costa abordou os casos de Rafa e Di María, com saídas anunciadas no final da época.

"O Rafa, como é sabido, teve enormes propostas para sair. Na famosa conversa em Inglaterra, que foi publicitada como um golpe de estado, houve um compromisso em que o Rafa rejeitou propostas e o Benfica prescindiu de valores para que ele continuasse, arriscando uma saída a custo zero no final da temporada".

Segundo Rui Costa, "Rafa mostrou um comportamento exemplar, numa das suas grandes épocas, com vontade de ter sucesso e de provocar sucesso ao clube. Por isso, merece todo o respeito e aplauso", disse.

"São dois jogadores influentíssimos no balneário e nos números. E devemos estar gratos. Depois, é ver o que vai dar até ao final da época, em que estamos focados no sucesso".

Mas, voltando ao início, no último mercado, as "águias" contrataram Álvaro Carreras, Prestianni, Marcos Leonardo e Rollheiser, investindo cerca de 30 milhões de euros.

Rui Costa começou a intervenção falando das saídas e das respectivas razões, com Petar Musa, Jurásek, Lucas Veríssimo, Chiquinho, João Victor, Gonçalo Guedes e Gabriel Pires a deixarem a Luz.

"A intenção é sempre de melhorar o plantel, de ajustar. E acreditamos que fizemos bom trabalho. Estamos satisfeitos com o processo e o desenrolar, acreditando que seja proveitoso no final da época".

Rui Costa, que vincou a valorização do plantel em relação ao da época passada e passou a explicar caso a caso:

João Victor: "Era uma solução numa fase em que não tinha 'nascido' o António Silva. Foi emprestado e voltou este ano. Com poucos minutos e uma boa proposta para as duas partes, a saída foi a solução, pois recuperámos praticamente o investimento feito no jogador".

Jurásek: "Era grande a expectativa e não custa nada admitir que não teve o impacto desejado, numa posição de alto risco, dada a herança deixada por Grimaldo. Era um activo que não podia desvalorizar. Foi emprestado na esperança que se reencontre e possa ser um elemento do Benfica. Muitos clubes mostraram grande interesse e na Bundesliga poderá ter o crescimento que não conseguiria sem minutos no Benfica".

Chiquinho: "Foi extraordinariamente importante no plantel, quando saiu o Enzo, que nos levou ao título. Não estava a ter os minutos desejados. A cinco meses de terminar contrato, foi preciso decidir. Não foi exageradamente vantajoso, mas ainda assim melhor do que se saísse livre. Foi uma saída airosa".

Gonçalo Guedes: "Não era nosso jogador. Foi fustigado por lesões que o condicionaram. Com poucos minutos e não sendo nosso, perante a oportunidade de ir para Espanha, cedemos dentro da política desportiva e económica. Nem merecia que o impedíssemos. Será sempre um de nós, com empenho pela causa".

Musa: "É uma questão diferente, pois teve mais minutos. Ainda assim, com a 'recuperação' de Arthur Cabral e a chegada de Marcos Leonardo, fazia pouco sentido continuar com quatro avançados num modelo em que só joga um. A proposta, que pode chegar aos 12 milhões de euros, foi oportuna".

Lucas Veríssimo: "Foi uma pena, quer pelo jogador, quer pelo homem, extraordinário. Era assumido titularíssimo, até na selecção. Mas a grave lesão fez com que perdesse um ano. Teve sempre um comportamento exemplar e foi um dos grandes pilares do plantel. Com pouco espaço no 'onze' inicial, para um jogador desta dimensão, foi o melhor para todos".

Gabriel Pires: "Não fazia parte do plantel, vinha de dois empréstimos. Procurámos soluções. Rescindir dentro da política desportiva e financeira era inevitável, permitindo cortar os encargos".

Reforços de hoje e amanhã

O sangue novo a que Rui Costa se referiu provém de "quatro jovens referenciados há bastante tempo, a começar pelo fim:

Prestianni: "O último a chegar, mas o que garantimos mais cedo. No Verão estava tudo feito, mas pela idade não podia vir".

Marcos Leonardo: "A carência de golos fez-nos ir buscar mais um avançado. Encontrar um jovem que se estivesse a distinguir, que chegasse pronto para jogar mas olhando para o futuro só foi possível porque o Santos foi despromovido. Foi ainda vantajoso só pagar a transferência a partir da próxima época".

Álvaro Carreras: "Era preciso precaver a posição de defesa esquerdo, depois da lesão de Bernat e do sucedido com Jurásek. É mais um elemento a reforçar a política de aposta num jovem de 20 anos, mas com andamento nas pernas. Acreditamos muito no seu potencial".

Rollheiser: "Antecipámos cinco meses a vinda. Pode ser importante e útil este ano, mas foi uma tentativa de antecipar a adaptação ao clube e a uma realidade diferente. Jogar no Benfica é difícil. Esta camisola implica uma responsabilidade muito grande. A exigência é enorme e nem sempre se dá margem ou benefício de dúvida aos jogadores".

Rui Costa sublinhou as mudanças de campeonato, sistemas tácticos, cultura e a exigência de servir o Benfica, com os jogadores a serem avaliados ao primeiro toque na bola. Falou no impacto de um "clube de dimensão enorme" e garantiu não haver "dúvida do talento que trouxemos para casa".

O líder do Benfica abordou o caso de Aursnes, contratado como médio centro, "a posição onde jogou menos", por ser "capaz de perceber o jogo em todas as posições e de as desempenhar".

O norueguês foi, para Rui Costa, o melhor lateral direito a actuar em Portugal, pelo que o rendimento é que decide onde é mais útil.

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