Voz

Era preciso um movimento pelo nudismo digital e medial, avatares e perfis queimados como os soutiens de 68.

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Chat Bubble Sculpture, de Mary Jo McGonagle DR
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Luminoso, o poeta norte-americano Henry Longfellow chamou à voz o órgão da alma. Lúcido como sempre, Aristóteles definiu a voz como “um som particular feito por algo com alma”. Para ele, os animais tinham alma e voz. Mas, sonhando, também pedras e rios ganham alma e soam com voz. E em vigília tudo tem voz se escutarmos com a amabilidade de quem se deixa convocar. No adormecer, vozeios interiores misturam-se, solidários, com o vento, as ondas, os silvos. No islão, o Azan desdobra um tapete vocal até onde conseguir levar o chamamento. E a voz chama outras enquanto canta. A voz foi o primeiro instrumento musical da história. Até o silêncio tem voz. De tantas saudades de a ouvir, um homem abraça a voz que se calou para ele.

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