Director da PSP deixa aviso: não permitirá actos que comprometam normalidade

Unidade do Corpo de Intervenção que apresentou baixa médica antes de jogo de futebol foi extinta e os seus membros transferidos para outros grupos operacionais.

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Director nacional da PSP, Barros Correia (à direita) Nuno Ferreira Santos
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O director nacional da PSP, Barros Correia, emitiu um comunicado nesta quarta-feira ao final da manhã em que deixa um aviso aos polícias: não permitirá qualquer acto que ponha em causa o normal funcionamento nem desta nem de qualquer outra unidade da PSP, "pelo que tomará todas as iniciativas e decisões que permitam a manutenção da ordem e paz públicas no nosso país, a segurança dos portugueses e de quem nos visita".

O comunicado dá nota da extinção de um grupo operacional do Corpo de Intervenção e da transferência dos seus membros para outros grupos idênticos, na sequência de 44 agentes que o integravam terem apresentado baixa antes do jogo Benfica-Gil Vicente no passado domingo. A situação não impediu a realização do desafio.

O Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP) diz que os elementos que vão ser transferidos podem não ter os contratos renovados.

"Irão sofrer represálias motivadas por pressão política e serão desde já transferidos de grupo de trabalho, com risco da não renovação de contrato. Falamos de uma interferência política inaceitável", refere o SPP numa nota informativa, lembrando que as baixas dos agentes foram devidamente certificadas por médico competente. "Num Estado de direito democrático, estar doente é um direito que a todos assiste, sendo que falamos de baixas médicas (nem sequer se fala de autodeclaração)", acrescenta o sindicato.

Como reacção, o SPP anunciou a realização de uma concentração para amanhã às 8h, junto ao portão do Corpo de Intervenção, na Ajuda, em Lisboa, sublinhando que há até elementos disponíveis para passar a noite no local.

Em comunicado, a direcção nacional da PSP explica que, "tendo em conta a situação inédita de 44 polícias de um grupo operacional terem apresentado baixa médica em simultâneo, o comandante da Unidade Especial de Polícia promoveu a abertura de processo de inquérito e, de forma a manter a normal actividade operacional do Corpo de Intervenção", decidiu ainda extinguir o grupo operacional a que pertenciam estes agentes, distribuindo-os pelos restantes grupos.

Já o director nacional da PSP afirma que, apesar de manter total confiança na Polícia de Intervenção, não tolerará comportamentos que façam perigar o normal policiamento.

Nos últimos dias, vários polícias da PSP e militares da GNR apresentaram baixas, apesar de a plataforma que representa 11 sindicatos e associações destas forças de segurança não assumir que seja uma forma de protesto.

Entretanto, o ministro da Administração Interna determinou a abertura de um inquérito urgente à Inspecção-Geral da Administração Interna sobre estas generalizadas e súbitas baixas médicas.