PSD pede que protestos de polícias respeitem autoridade do Estado e sentimento de segurança

O líder do PSD disse ainda que tinha “disponibilidade total” para mais debates com o líder do PS, que recusou um segundo frente-a-frente nas rádios.

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Luís Montenegro, líder do PSD Rui Gaudêncio
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O presidente do PSD apelou nesta quarta-feira às forças de segurança que consigam conciliar os seus protestos contra "uma desigualdade que deve ser reparada" sem pôr em causa a autoridade do Estado e "preservando o sentimento de segurança".

"Não é aceitável que se ultrapasse o limite a partir do qual as pessoas têm medo de andar na rua", afirmou Luís Montenegro, no final de uma viagem de cacilheiro entre Lisboa e Cacilhas, numa iniciativa de pré-campanha no distrito de Setúbal.

O presidente do PSD foi questionado sobre uma notícia do PÚBLICO, segundo a qual os trabalhadores do Sistema de Informações da República foram aumentados e tiveram uma revisão da carreira, de acordo com um diploma que foi publicado no final do ano, quando também foi atribuído o suplemento de missão aos agentes da Polícia Judiciária.

Luís Montenegro não comentou directamente esta notícia e aproveitou para recordar que, já no Orçamento do Estado para 2024, o partido tinha proposto ao Governo "fazer uma avaliação e depois tomar uma decisão para reparar a desigualdade criada nas forças de segurança".

"O meu compromisso com as forças de segurança é muito forte: é iniciar, acto imediato à entrada em funções de Governo, um processo negocial com vista a fazer essa reparação", insistiu, numa garantia já dada na semana passada, depois de se reunir com representantes desta plataforma.

O líder do PSD assegurou não duvidar da justiça da reivindicação, mas remeteu para o processo negocial a forma como a desigualdade deve ser reparada e defendeu que esse tipo de compromissos não deve ser assumido nas semanas antes das eleições.

Questionado sobre se os protestos dos polícias já ultrapassaram o limite do aceitável, Montenegro lamentou que tenha sido a não realização de um jogo de futebol que voltou a dar mais atenção aos protestos.

"O que interessa não é a realização de um evento, por mais importante que seja, mas as forças de segurança devem ter consciência de que são protagonistas da expressão de autoridade do Estado e têm de conciliar o seu direito a poderem manifestar-se e fazer o seu protesto com o respeito que todos os outros cidadãos devem ter para com essa autoridade e, sobretudo, preservando o sentimento de segurança", disse.

Por isso, reiterou o apelo feito no domingo às forças de segurança para que "exerçam democraticamente o direito de manifestar a sua insatisfação" com o limite de "não criar problemas que retirem autoridade ao Estado", nomeadamente pondo em causa "o exercício normal da democracia, como a realização de eleições".

Montenegro tem “disponibilidade total” para mais debates com P.N.S.

​O presidente do PSD reiterou nesta quarta-feira "disponibilidade total" para mais debates com o líder do PS, que recusou um segundo frente-a-frente nas rádios, salientando que a escolha "à cabeça" nestas legislativas é a do primeiro-ministro. Luís Montenegro foi questionado pelos jornalistas sobre a recusa de Pedro Nuno Santos em realizar um frente-a-frente nas rádios, que decorreria depois do debate televisivo entre os dois, marcado para dia 19.

"Tal como nas legislativas de 2015 e 2019, as rádios convidaram ainda os líderes dos dois maiores partidos, PS e PSD, para um frente-a-frente. Luís Montenegro aceitou, Pedro Nuno Santos recusou o debate, pelo que o mesmo não se realizará", refere um comunicado enviado pelas direcções editoriais da Antena 1, Observador, Renascença e TSF, emitido na terça-feira à noite, onde se noticia que estas rádios organizarão no dia 26 o último debate com todos os líderes com assento parlamentar.

Montenegro respondeu que, "mais do que criticar essa postura" de Pedro Nuno Santos, preferia apontar a sua. "A minha é disponibilidade total, eu estou aqui para dizer às pessoas o que quero fazer enquanto líder de um Governo, do ponto de vista económico, social, da melhoria de condições de vida das pessoas e de um projecto de crescimento de ambição", afirmou.

O líder do PSD considerou que "todas as oportunidades são boas" para fazer esse confronto de ideias, mas admitiu que "cada um tem a sua estratégia", dizendo não se querer imiscuir na do PS.

"Se há debate que interessa aos cidadãos — sem menosprezo pelos outros candidatos , mas, entre todas as decisões que os portugueses tomam nas legislativas, há uma que está à cabeça, que é decidir quem é o primeiro-ministro, e aí só há dois candidatos: o líder da AD e o líder do PS", disse.

Questionado sobre se o frente-a-frente televisivo será mais decisivo por ser o único, Montenegro respondeu que decisivo é "todos os dias interagir com as pessoas", embora os debates sejam uma forma "muito elucidativa de demonstrar as diferenças muito marcadas entre os dois projectos".

Na viagem de cacilheiro, onde funcionários da Transtejo avisaram a comitiva de que não era possível interagir com os passageiros, só à saída Montenegro foi abordado por algumas pessoas, que o cumprimentaram.

À chegada a Cacilhas, a comitiva entrou num café antes de seguir viagem para Setúbal, e foi o próprio presidente do PSD a ir para trás do balcão tirar cafés, depois de desafiado por uma funcionária.