“Todos os partidos têm sido muito claros” sobre alianças, considera Marcelo

Presidente deixa recados ao PS sobre a viabilização de um governo minoritário de Bolieiro nos Açores. E alega que depois das legislativas não pode obrigar um líder partidário a governar.

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Marcelo Rebelo de Sousa falou esta quarta-feira aos jornalista à margem de uma visita a uma exposição LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO
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O Presidente da República recusa fazer cenários sobre que soluções governativas está disposto a aceitar na sequência das eleições legislativas de 10 de Março, mas realça que não pode obrigar a governar quem considerar que não tem condições para o fazer. E aproveita para recordar, quando questionado sobre a situação dos Açores, que, enquanto líder do PSD, viabilizou um governo minoritário de António Guterres, como se estivesse a dar um recado ao PS que já admitiu deitar abaixo um executivo de José Manuel Bolieiro.

Marcelo Rebelo de Sousa considera que "todos os partidos e coligações têm sido muito claros" sobre a sua visão para o pós-eleições de Março e que não deixam dúvidas, mas remete para depois dos resultados, para "ver factos, resultados e dados concretos" e decidir sobre que cenários governativos admite como Presidente.

Questionado sobre se apenas admite dar posse a um governo do partido mais votado nas legislativas ou se, caso essa solução falhe, aceita dar posse a um executivo do segundo partido mais votado, Marcelo disse que terá que ouvir os partidos.

"Do que se trata é olhar para os resultados e ver como é que as várias forças políticas os interpretam", afirmou, recusando contribuir para a análise política e alegando que o que dissesse poderia ser "considerado como favorável a A, B, C ou D. Não posso." Mas fez questão de vincar que "a pré-campanha eleitoral tem sido muito esclarecedora. Nenhum dos líderes escondeu dos portugueses aquilo que pensa sobre a sua visão futura; nenhum."

"O Presidente não pode violentar os líderes partidários", apontou Marcelo Rebelo de Sousa. "Um líder partidário pode dizer: 'Olhe, eu governo em qualquer caso', mas pode dizer 'Eu só governo se ganhar'. O Presidente pode dizer 'Tem que governar à força', e o líder diz 'Mas eu não quero governar porque entendo que não tenho condições para isso'", foi elencando, pedindo que se aguarde. "Portanto, vamos esperar. Não há nada como ver factos, resultados, dados concretos e não congeminações."

Sobre notícias de que só aceitaria dar posse a um governo de um partido que ganhe as eleições, Marcelo contornou a questão alegando que há muitos "cenários" de que toda a gente fala, dando como exemplo que até os seus assessores e conselheiros têm opiniões muito diferentes sobre isso.

"Todos os portugueses têm direito a fazer os seus cenários. Mas o que conta são os votinhos, na noite das eleições. Não serve de nada estar a pensar sobre cenários; é uma perda de tempo. Porque o que interessa é na noite das eleições, tudo somado, quem é que os portugueses escolheram e em que termos." E, nessa, prometeu, o Presidente irá "concentrar-se verdadeiramente em factos e resultados materiais; não em cenários, não em sondagens".

Admitindo que ao contrário do que é habitual, estava há muito tempo sem falar - 12 dias, contabilizou -, Marcelo quis explicar a sua ausência do plano mediático. "Foi por uma razão muito simples: num período eleitoral, quem não deve falar é o Presidente da República. Os partidos devem: atacam isto, defendem isto, atacam-se uns aos outros, propõem isto, propõem o contrário. Agora, o debate é nos órgãos de comunicação social; depois será na rua, na campanha eleitoral; e depois os portugueses decidem. E, depois de eles decidirem, os partidos dizem como é que leram os resultados. E depois o Presidente intervém", elencou.

Acerca dos Açores, onde a AD – Aliança Democrática venceu sem maioria absoluta no domingo, questionado sobre se a coligação liderada por José Manuel Bolieiro tem condições para governar, Marcelo remeteu o assunto para o representante da República, que irá ouvir os partidos a partir de dia 19.

"Eu sou suspeito porque eu viabilizei um governo minoritário do engenheiro Guterres durante três anos", recordou. Mas à pergunta sobre se isso significa que há condições para o executivo de Bolieiro sobreviver, contrapôs: "Não, não, não significa nada. Significa que, naquela altura, eu achei que havia condições, mas agora será ponderado pelos partidos." E fugiu a responder se isto era um conselho ao PS-Açores e nacional para seguir o que Marcelo fez com Guterres há mais de 20 anos.

E sobre a Madeira, onde o representante da República começou a ouvir os partidos nesta quarta-feira acerca da possibilidade de aceitar um novo presidente do governo e um executivo renovado, Marcelo só irá ponderar sobre a chamada "bomba atómica", isto é, a dissolução do parlamento e a demissão do executivo, a partir de 24 de Março, quando passarem seis meses sobre a data das eleições regionais madeirenses.

Notícia corrigida às 21h, com novo título e declarações acrescentadas.

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