Rússia lança nova vaga de ataques aéreos contra a Ucrânia

Pelo menos cinco pessoas morreram durante os bombardeamentos desta manhã, que atingiram grande parte do território ucraniano.

Foto
Prédio habitacional em Kiev atingido por bombardeamento russo esta manhã Reuters/VALENTYN OGIRENKO
Ouça este artigo
00:00
03:34

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A Rússia lançou esta quarta-feira de manhã um novo ataque aéreo em larga escala sobre várias cidades ucranianas, incluindo Kiev, onde pelo menos quatro pessoas morreram.

Um míssil atingiu um prédio de apartamentos com 18 andares no bairro de Holosiyivsky, em Kiev, causando pelo menos quatro mortos e vários feridos. "É outro ataque maciço contra o nosso Estado", afirmou o Presidente Volodymyr Zelensky, através de um comunicado. Foram atingidas seis regiões ucranianas pelos bombardeamentos russos desta manhã, acrescentou.

Outra pessoa morreu em Mikolaiv, no Sul do país, segundo o autarca da cidade. Os bombardeamentos atingiram 20 edifícios residenciais e causaram vários feridos.

Cidades como Kharkiv, Dnipropetrovsk, e até Lviv, no extremo ocidental da Ucrânia, também foram atingidas por mísseis e drones. Os alarmes antiaéreos soaram em todas as províncias às primeiras horas da manhã. Em Kiev, um míssil russo atingiu uma linha de alta tensão, deixando várias casas sem electricidade, disse o presidente da autarquia, Vitali Klitschko.

O alto-representante da União Europeia (UE) para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, que está em Kiev em visita oficial, publicou uma fotografia na rede X em que está num abrigo subterrâneo. "Esta é a realidade diária do corajoso povo ucraniano desde que a Rússia lançou a sua agressão ilegal", escreveu o dirigente.

Segundo o comandante das Forças Armadas, o general Valery Zaluzhny, foram interceptados 29 mísseis e 15 drones lançados pela Rússia esta manhã. Ao todo, as forças russas lançaram 64 mísseis e drones em vagas sucessivas.

Desde o final do ano passado que a Rússia tem intensificado os bombardeamentos aéreos contra a generalidade do território ucraniano, principalmente visando os centros urbanos e as infra-estruturas ligadas à rede eléctrica. Para além de causar danos, o objectivo das forças russas é obrigar a Ucrânia a gastar as suas já escassas reservas de munições para interceptar os mísseis e drones que entram no seu espaço aéreo.

O Ministério da Defesa russo revelou, por seu turno, que as suas defesas antiaéreas destruíram sete mísseis e dois drones que sobrevoavam a região fronteiriça de Belgorod, que tem sido visada por bombardeamentos ucranianos. Pelo menos duas pessoas ficaram feridas.

Regras mais apertadas para quem fugir ao recrutamento

Na frente política, regras mais rigorosas de mobilização do Exército, que visam os candidatos a soldados ucranianos e propõem o congelamento de bens para aqueles que tentam evitar o recrutamento, ficaram na quarta-feira mais perto de ser admitidas, quando o Parlamento aprovou a primeira leitura do projecto de lei, que tem motivado amplas críticas por parte de vários sectores da sociedade ucraniana.

O número de soldados voluntários tem vindo a diminuir à medida que a guerra com a Rússia se aproxima do seu terceiro ano, pelo que o projecto de lei propõe que os potenciais militares que se encontrem no estrangeiro sejam obrigados a ter um registo militar actualizado. A obtenção desse documento seria uma condição prévia para receber serviços consulares. Propõe igualmente sanções mais severas para a evasão ao recrutamento, incluindo o congelamento de bens, e prevê convocatórias online, o que tornaria mais difícil evitar o recrutamento.

Se a lei for aprovada na próxima fase do Parlamento, a idade a partir da qual as pessoas podem ser mobilizadas para o serviço militar será reduzida de 27 para 25 anos. As pessoas que prestaram serviço contínuo por 36 meses durante a guerra podem ser dispensadas, mas tal não acontecerá automaticamente.

"Trata-se de uma lista de soluções complexas mas extremamente necessárias, concebidas para tornar o nosso Estado mais forte face aos desafios de uma guerra de longa duração", afirmou o Ministério da Defesa após a votação.

Sugerir correcção
Ler 22 comentários