Taxa de desemprego subiu para 6,6% no final do ano passado

Efeito do final do Verão faz-se sentir no mercado de trabalho com o número de empregos a baixar a barreira dos cinco milhões que tinha ultrapassado pela primeira vez no terceiro trimestre de 2023.

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Efeito do Verão no emprego esbateu-se no final do ano Paulo Pimenta
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Apesar de a economia ter crescido nos últimos três meses do ano, o mercado de trabalho sentiu o efeito do final do Verão e registou no mesmo período uma descida do número de empregados, que voltaram a ser menos de cinco milhões, e uma subida da taxa de desemprego.

De acordo com os dados publicados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, a taxa de desemprego, que no terceiro trimestre do ano passado se encontrava em 6,1% da população activa, subiu no quarto trimestre para 6,6%, um valor que é igual ao registado há precisamente um ano.

No total de 2023, a taxa de desemprego média acabou por cifrar-se em 6,5%, um valor que representa uma subida face à média de 6,1% registada em 2022.

No que diz respeito ao número de empregos, a evolução também foi negativa nos últimos meses do ano passado. O INE revela que o número de pessoas empregadas em Portugal voltou, no quarto trimestre de 2023, a baixar a barreira dos cinco milhões que tinha superado pela primeira vez no terceiro trimestre.

Passou a haver 4,980 milhões pessoas empregadas, isto é, menos cerca de 35 mil do que no terceiro trimestre de 2023, o primeiro em que a barreira dos cinco milhões tinha sido superada. Em relação ao mesmo período do ano passado, passou ainda assim a haver em Portugal mais 80 mil pessoas empregadas.

Como os dados do inquérito de emprego trimestral realizados pelo INE não são corrigidos do efeito de sazonalidade, a evolução do número de empregados e da taxa de desemprego é habitualmente mais negativa no último trimestre do ano, uma vez que, a partir de Outubro, se regista o desaparecimento de muitos empregos de Verão. Já em 2022 se tinha verificado uma subida da taxa de desemprego de 6% no terceiro trimestre para 6,6% no quarto trimestre.

Em contrapartida, na passagem do primeiro para o segundo trimestre de cada ano, a evolução destes indicadores é mais positiva. Em 2023, passou-se de uma taxa de desemprego no primeiro trimestre de 7,2% para 6,1%.

Os indicadores do mercado de trabalho têm vindo, no último ano, a manter-se a níveis relativamente positivos, sem subidas acentuadas de desemprego, apesar do abrandamento a que se tem assistido na actividade económica. No terceiro trimestre do ano, período em que o PIB caiu 0,2%, a taxa de desemprego manteve-se estável nos 6,1%. Já no quarto trimestre, ao mesmo tempo que a economia cresceu 0,8%, a taxa de desemprego aumentou.

Lisboa e Algarve mais afectados

Confirmando o contributo da sazonalidade para o aumento do desemprego registado este trimestre, o INE revela que foi em Lisboa, Algarve e Madeira que este indicador mais subiu. Na grande Lisboa, a taxa de desemprego subiu de 6,1% no terceiro trimestre para 6,7% no quarto, no Algarve, o aumento foi de 4,8% para 5,9%, e na Madeira de 4,8% para 6,2%.

Os jovens, dos 16 aos 24 anos, foram particularmente afectados, com o maior aumento trimestral no número de desempregados, o que explica que a taxa de desemprego neste grupo etário tenha registado uma subida de 20,3% para 23,9%. Neste caso, ao contrário do que sucede com a taxa de desemprego total, verifica-se também um agravamento significativo face ao período homólogo do ano anterior, quando a taxa de desemprego entre os jovens era de 19,9%.

Onde se verifica uma tendência mais favorável é na evolução da taxa de desemprego de longa duração, que contabiliza a percentagem de pessoas na população activa que já não consegue obter um emprego há mais de um ano. No quarto trimestre do ano passado, este indicador subiu apenas de 2,3% para 2,4%, registando uma melhoria face aos 2,8% do quarto trimestre de 2022.

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