Líder de culto no Quénia acusado de matar 191 crianças

Pastor promovia o jejum até à morte para “conhecer Jesus”. Paul Mackenzie tinha já sido julgado por outros crimes.

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Paul Mackenzie foi acusado após a descoberta dos corpos, em Abril Reuters/STRINGER
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O Pastor Paul Mackenzie e 29 outros réus foram acusados esta terça-feira pelo homicídio de 191 crianças no Quénia. O líder espiritual tinha já sido preso em Abril, quando os 429 corpos descobertos começaram a ser exumados pela polícia queniana na floresta de Shakahola. Era nesse lugar, na costa do país, que se encontravam os seguidores da Igreja Internacional da Boa Nova, liderada pelo autoproclamado Pastor Mackenzie.

De acordo com a BBC, algumas crianças terão sido agredidas, mas a principal causa das mortes foi o jejum promovido pelo líder do culto, que foi submetido em Janeiro a exames de saúde mental. Um dos acusados, integrante do mesmo grupo, está impedido de responder em tribunal por ter sido declarado mentalmente inapto.

Todos os membros julgados negaram ter qualquer ligação às mortes, e o Pastor Mackenzie garante ter encerrado a igreja em 2019. No entanto, o ex-taxista tinha já sido acusado de crimes relacionados com terrorismo e tortura, bem como homicídio involuntário. Em Dezembro, foi também condenado a 12 meses de prisão por produzir e distribuir filmes que divulgavam a igreja sem licença. Tinham ainda existido, no ano passado, outras acusações noutros tribunais com ligação aos assassínios.

À Reuters, alguns seguidores confessaram que o líder do culto os proibia de levarem os filhos à escola ou ao hospital quando estavam doentes, já que considerava essas instituições satânicas. As vítimas terão sido encorajadas a praticar jejum — que as levou à morte — para serem "enviadas para o céu" antes que o mundo acabasse. Os membros do grupo viviam isolados na floresta, numa área com pouco mais de três quilómetros, dividida em várias plantações.

O advogado de Mackenzie afirmou que o arguido está a colaborar com a investigação. O juiz declarou que os 30 réus vão voltar a tribunal a 7 de Março para uma audiência de fiança. O Pastor e os restantes acusados estão também a ser julgados por terrorismo em Mombaça, a capital da província da Costa, no Quénia. com Reuters

Texto editado por Pedro Esteves

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