Subida dos preços das casas começa a abrandar. Em Lisboa, caíram pela primeira vez em dois anos

No terceiro trimestre do ano passado, o valor mediano das vendas de casas foi de 1641 euros por metro quadrado, uma subida anual de 10%, mas de apenas 0,7% em termos trimestrais.

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Os preços das casas continuam a aumentar, mas a ritmo menos acelerado Rui Gaudencio
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Numa altura em que já estão em níveis recorde, os preços das casas não dão tréguas e continuam a aumentar, na maioria do território nacional, a ritmo acelerado. Mas, na segunda metade do ano passado, o crescimento dos preços começou a abrandar e, em várias regiões e algumas cidades, já se verificam mesmo quebras trimestrais. Lisboa, o município mais caro do país, é um dos maiores exemplos disso: entre Julho e Setembro do ano passado, registou a primeira queda trimestral de preços em mais de dois anos.

Os dados, relativos aos preços de venda a nível local, foram divulgados, nesta terça-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que dá conta de que, no terceiro trimestre do ano passado, o valor mediano das vendas de casas foi de 1641 euros por metro quadrado.

Foi assim ultrapassado, tal como vem acontecendo trimestre após trimestre, um novo máximo histórico, mas há alterações na tendência verificada até agora. Apesar de representar uma subida de 10% em relação a igual trimestre do ano anterior, este valor representa um crescimento de 0,7% em relação ao período de Abril a Junho de 2023 (o trimestre imediatamente anterior), uma taxa de variação muito inferior às subidas trimestrais, em cadeia, de 4% que tinham sido registadas na primeira metade de 2023.

Ao mesmo tempo — e apesar de isso ainda não se verificar em termos homólogos, em que o crescimento anual dos preços continua a ser a dois dígitos numa grande parte do território nacional — há já várias regiões onde se registam quebras trimestrais, um dado que permite compreender a tendência mais recente do mercado de aquisição de habitação. Das 26 regiões analisadas pelo INE, os preços de venda das casas caíram, entre o segundo e o terceiro trimestre do ano passado, em sete delas, com destaque para o Douro, onde a queda foi de 15,7%, e o Alto Alentejo, que registou uma quebra de 12,1%.

Mas também em alguns municípios já começa a notar-se uma inversão da tendência, em particular nos de maior dimensão. Entre os 24 municípios com mais de 100 mil habitantes, os preços de venda das casas caíram, em termos trimestrais, apenas em dois deles (Lisboa e Loures), mas registaram um abrandamento em vários, ficando praticamente estagnados na Maia, em Guimarães e em Coimbra.

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Lisboa, o município onde os preços são mais elevados, destaca-se por registar uma queda pela primeira vez em mais de dois anos: na capital, o valor mediano de venda das casas fixou-se em 4167 euros por metro quadrado no terceiro trimestre de 2023 (valor que fica 2,5 vezes acima da mediana nacional), uma queda de 2,5% em relação ao segundo trimestre do ano passado (e a primeira descida trimestral em cadeia registada desde o início de 2021).

Madeira cresce quatro vezes mais do que o resto do país

Apesar da tendência de abrandamento a nível nacional, os preços continuam a crescer a um ritmo cada vez mais acelerado em algumas partes do país. No Porto, os crescimentos continuam a ser a dois dígitos, mas é na Madeira que se verifica a maior disparidade em relação à evolução do resto do país.

No período em análise, os preços medianos das casas aumentaram em mais de 19% no Porto, face ao mesmo trimestre de 2022, e em quase 9% em relação ao trimestre anterior, fixando-se agora em 3104 euros por metro quadrado. É a primeira vez desde que esta série estatística foi lançada pelo INE que é ultrapassada a fasquia dos três mil euros por metro quadrado na cidade do Porto.

Já na Região Autónoma da Madeira, os preços são menos díspares em relação à mediana nacional, mas o crescimento é significativamente superior ao que se verifica no resto do país. No terceiro trimestre, o valor mediano das casas no arquipélago fixou-se em 2107 euros por metro quadrado, uma subida anual de 43%, a mais elevada de entre todas as regiões nacionais, e o equivalente a cerca de quatro vezes o crescimento registado no conjunto do país. Em termos trimestrais, o crescimento foi de 10%. Isto, depois de, no segundo trimestre de 2023, a Madeira já ter registado uma subida anual de quase 25% nos preços das casas.

Na análise à região, o INE justifica este comportamento com o maior número de vendas de casas novas, tendencialmente mais caras. "O acentuado aumento do preço mediano da habitação da região autónoma deveu-se, sobretudo, ao forte crescimento dos preços dos alojamentos novos (mais 78% face ao trimestre homólogo), a par do aumento do número de transacções verificado neste segmento de alojamentos familiares (mais 23%)", pode ler-se no relatório publicado nesta terça-feira, que detalha ainda que, no terceiro trimestre de 2023, as vendas de casas novas representaram mais de 36% do total de vendas na Madeira, um aumento significativo em relação a igual período de 2022, quando esta proporção era de 22%.

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