Mãos esfoladas

Sonhámos com um futuro radiante, elevado e justo, mas esse futuro demora-se, já se sabe que há sempre desespero na espera, é um animal lento esse futuro sonhado.

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Chegou a casa, que agora era sua, desolada por não ter encontrado o Moisés. Seria ele, lá ao fundo, junto ao pinheiro?, não, não devia ser ele, se fosse ter-se-ia aproximado, não podia ser ele, de certeza que não, foi só impressão minha. A São, que na serra era agora chamada viúva do Urso, entrou na casa de banho, olhou-se ao espelho observando o rosto cansado, as olheiras e os dentes amarelecidos, soltou o cabelo e um suspiro, lavou a cara com água fria antes de tomar um analgésico porque estava cheia de dores de cabeça, deitando-se depois na cama. A Ana ficou a brincar no chão da cozinha.

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