BPI aumenta lucros em 42%, para 524 milhões
O crescimento superior a 70% da margem financeira, graças à subida das taxas de juro, impulsionou os resultados do BPI em 2023.
O BPI reportou resultados líquidos de 524 milhões de euros em 2023, valor que representa um aumento de 42% face aos lucros de 369 milhões de euros que tinham sido alcançados no ano anterior. Estes resultados são conseguidos num ano em que a subida das taxas de juro permitiu um crescimento exponencial das receitas obtidas por via da concessão de crédito, tal como aconteceu com a generalidade dos bancos.
Os resultados foram divulgados, nesta segunda-feira, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). “O BPI concluiu o exercício de 2023 com uma evolução muito positiva. O banco registou um resultado de grande qualidade, com mais actividade comercial e ganhos de eficiência significativos”, refere o presidente executivo do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, citado em comunicado.
Os lucros de 524 milhões são conseguidos num ano em que a margem financeira (a diferença entre os juros cobrados no crédito concedido e os juros que pagos nos depósitos) aumentou em 70%, totalizando 948,9 milhões de euros. Este crescimento, justifica o banco, é explicado pela “subida das taxas de juro de mercado e o crescimento do volume de crédito”. João Pedro Oliveira e Costa, por seu lado, considera que “é normal haver este crescimento”, lembrando que a margem financeira “teve exactamente o caminho contrário no passado, quando as taxas de juro estavam muito baixas”.
Em sentido contrário ao da margem financeira, as receitas obtidas por via das comissões líquidas sofreram uma ligeira redução, de cerca de 1%, fixando-se em 291,4 milhões de euros no ano passado. Já os resultados em operações financeiras representaram uma perda de 21,3 milhões de euros para o BPI, enquanto os custos com pessoal aumentaram em 13% e ultrapassaram os 526 milhões de euros, reflectindo “os efeitos da inflação e o investimento em novos projectos tecnológicos”.
Ainda assim, o crescimento da margem financeira foi suficiente para levar a uma subida de 26% do produto bancário, que ascendeu a 1268,5 milhões de euros no conjunto do ano passado.
Crédito cresce, depósitos caem
A impulsionar os resultados do BPI esteve também a área do crédito, que compensou a quebra registada nos depósitos de clientes.
No ano passado, a carteira de crédito bruta do BPI ascendeu a 30,1 mil milhões de euros, um crescimento de 3% face a 2022. Este crescimento foi motivado, sobretudo, pelo segmento de crédito a empresas, que aumentou em 5%, para um volume total de crédito concedido de 1,15 mil milhões de euros.
Já a carteira de crédito a particulares subiu em 2% e totalizou 16,2 mil milhões de euros. Isto, apesar de o montante total de novos créditos à habitação (cerca de 2,4 mil milhões de euros) ter diminuído em 10% em relação ao ano anterior. Ainda assim, explica João Pedro Oliveira e Costa, “o novo crédito continua a crescer a um ritmo mais acelerado do que aquele que é amortizado antecipadamente pelos clientes”, o que justifica o crescimento da carteira de crédito à habitação (em 3%, para 14,6 mil milhões de euros).
Ainda no que diz respeito ao crédito, a qualidade da carteira também melhorou. Em 2023, o BPI reduziu o rácio de crédito malparado (que, no caso deste banco, é medido através do indicador non-performing exposures, ou exposições não produtivas) de 1,6% em 2022 para 1,5% em 2023.
Esta melhoria da qualidade dos activos é reflectida também na baixa percentagem de contratos de crédito que foram renegociados ao longo do ano passado, já que o banco renegociou cerca de 9300 contratos de contrato (incluindo todas as medidas disponíveis, como a fixação da prestação do crédito ou a bonificação de parte dos juros), o equivalente a pouco mais de 4% do total de contratos de crédito à habitação em vigor. Os contratos renegociados totalizam cerca de 1037 milhões de euros, o equivalente a 7% do montante total de crédito à habitação em carteira.
Ainda do lado da actividade comercial, o BPI viu os depósitos de clientes caírem em 4%, totalizando cerca de 29,3 mil milhões de euros, enquanto os recursos fora de balanço (em que se incluem, por exemplo, fundos de investimento) se mantiveram estáveis em 8654 milhões. Os recursos totais de clientes registaram, assim, uma quebra de 3%, fixando-se em 37,9 mil milhões de euros.