Museu Britânico vai expor algumas peças recuperadas após o roubo conhecido em 2023

Exposição Rediscovering Gems abre a 15 de Fevereiro incluindo uma dezena dessas jóias datadas de entre o século XV a.C. e o século XIX.

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O perfil de um busto da deusa romana Minerva, ornado com um diadema medieval, é a imagem com que o Museu Britânico anuncia a exposição Rediscovering Gems (Redescobrindo jóias), que entre 15 de Fevereiro e 15 de Junho vai poder ser visitada na instituição londrina.

Esta gravura datada de entre os séculos I a.C. e I da nossa era é uma da dezena de jóias que integram a nova mostra, e que a direcção do Museu Britânico aproveita para dar a ver publicamente alguns exemplares das perto de duas mil peças que tinham sido roubadas ao longo dos últimos anos da prestigiada instituição britânica, um caso divulgado no último Verão.

Entre essa dezena de peças estão pedras semipreciosas, bijuteria em ouro e artigos de vidro datados de entre o século XV a.C. e o século XIX – referindo-se esta última data à época em que, na Europa, recrudesceu o interesse por este valioso património, que o Museu Britânico classifica como uma espécie de “álbum ilustrado” da civilização mediterrânica da antiguidade.

Rediscovering Gems reflecte “a mudança cultural em curso no Museu Britânico, que assim se abre e se apropria da sua própria história”, diz o presidente da instituição, George Osborne, no comunicado divulgado no dia 1 de Fevereiro, citado pela AFP e pelo diário francês Le Figaro, a anunciar a iniciativa e a justificar a sua relação com o escândalo que, nos últimos meses, causou danos graves à reputação do museu fundado em 1753.

Recorde-se que, no final de Agosto de 2023, a seguir ao anúncio da confirmação do roubo – que tinha já levado ao despedimento de um funcionário não identificado, por suspeita de autoria do acto –, Hartwig Fischer demitiu-se da direcção do Museu Britânico, cargo em que, entretanto, foi substituído interinamente por Mark Jones, ex-director do Victoria & Albert Museum. Já em Janeiro, o museu lançou o processo de recrutamento de um novo director.

Uma janela para o Mediterrâneo

Com esta selecção de uma dezena de peças entre as várias centenas que compõem Rediscovering Gems, George Osborne aproveita para, de algum modo, justificar as circunstâncias que levaram ao caso: “O que permitiu que o roubo tivesse sido possível foi que muitos destes objectos eram desconhecidos dos investigadores, não estavam recenseados correctamente, nem sequer se encontravam nas nossas bases de dados”, explicou Osborne, ao mesmo tempo que constata que o caso acabaria por motivar “um aumento de interesse” por estas peças preciosas extraordinárias, com “uma história fascinante”, e que se apresentam como “uma janela para o mundo mediterrânico”.

Antes do roubo, “teria sido difícil suscitar o interesse por estas peças. Mas a verdade é que se trata de peças extraordinárias, com uma história fascinante”, acrescentou o presidente do museu e ex-ministro das Finanças do Governo de David Cameron.

Após o conhecimento do escândalo, o Museu Britânico, com o apoio da Polícia Metropolitana britânica e de especialistas internacionais neste género de jóias, lançou uma vasta operação de busca das peças roubadas – algumas delas chegaram a ser vendidas na internet por pouco mais de 50 euros –, que resultou já na recuperação de algumas centenas. Simultaneamente, o museu avançou também com um plano de catalogação e digitalização da sua colecção de cerca de oito milhões de peças, que Mark Jones anunciou dever ficar concluído dentro de cinco anos.

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