CNE não viu qualquer propaganda política no anúncio da IKEA alusivo a buscas em S. Bento

Organismo que avalia a propaganda política rejeita a existência de violações à lei na campanha da marca sueca que alude aos 75.800 euros encontrados no escritório do ex-chefe de gabinete de Costa.

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Mupi da campanha da Ikea DR
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Não foi uma apreciação unânime, mas foi "largamente consensual": a Comissão Nacional de Eleições (CNE) decidiu que a campanha publicitária da IKEA, que faz alusões às buscas na residência oficial do primeiro-ministro no âmbito da Operação Influencer, "não se enquadra no entendimento do que é considerado propaganda política na forma comercial".

De acordo com Fernando Anastácio, porta-voz da CNE, o caso foi analisado na reunião desta semana e foi deliberado que a campanha não constitui nenhuma violação da lei da propaganda e que não é propaganda política". Admitindo que "não foi uma decisão unânime" de todos os membros da comissão, foi, pelo menos, "largamente consensual" e por uma "maioria muito significativa".

A CNE é composta por um presidente designado pelo Conselho Superior de Magistratura e por seis elementos indicados pela Assembleia da República em representação de todos os grupos parlamentares (PS, PSD, Chega, IL, PCP e Bloco) e por três representantes do Governo.

A campanha publicitária da IKEA foi alvo de diversas queixas à CNE, sobretudo por causa do anúncio a uma estante branca de escritório cujo texto diz "Boa para guardar livros. Ou 75.800 euros", numa referência ao dinheiro que foi encontrado pela PSP e pelos procuradores escondido em livros e numa caixa de vinho nas prateleiras do escritório do então chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, que foi detido no dia 7 de Novembro do ano passado.

Tendo este sido o anúncio mais polémico, a campanha tem também outras referências a questões da actualidade política nacional para promover um conjunto de produtos que estão agora com preços mais reduzidos. “Puxamos o tapete à inflação” é a frase que promove um tapete; “Para se aquecerem sozinhos ou coligados”, é como se promove um edredão; e “A nossa 'geringonça' contra o frio”, sobre uma manta são outros anúncios que integram a campanha.

Entretanto, o jornal Sol noticiou nesta sexta-feira que a campanha provocou mal-estar no Governo ao ponto de ter havido "pressões e queixas por parte de dirigentes do PS", e até intervenção da Embaixada da Suécia. Fonte da multinacional JC Decaux, dona da rede de mupis usados na campanha de rua, admitiu que os riscos da polémica foram considerados, mas que a decisão foi de fazer a campanha. Que acabou por ter muito sucesso nas vendas, já admitiu a empresa sueca. Oficialmente, todos os intervenientes, incluindo a IKEA e o Ministério dos Negócios Estrangeiros, negam a existência de qualquer tentativa de intervenção.

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