Polícias: MAI abre inquérito à ameaça de boicotar eleições e à falta de policiamento

Director nacional da PSP e comandante-geral da GNR foram convocados para reunião já este domingo. Jogo entre o Famalicão e o Sporting foi cancelado por falta de policiamento junto ao estádio.

Foto
Falta de policiamento obrigou ao cancelamento do jogo entre Famalicão e Sporting LUSA/JOSÉ COELHO
Ouça este artigo
00:00
02:47

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O ministro da Administração Interna determinou a abertura de um inquérito urgente à falta de policiamento no jogo deste sábado entre o Famalicão e o Sporting, que acabou por ser cancelado, e às declarações do presidente do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), Armando Ferreira, que admitiu a existência de uma “forte possibilidade” de os protestos dos polícias impedirem as eleições legislativas de 10 de Março​.

É referido num comunicado, emitido na noite deste sábado, que o MAI abriu um inquérito aos "acontecimentos que respeitam ao policiamento, pela PSP, do jogo Famalicão–Sporting, da Primeira Liga de futebol, em especial dos que se reportam a generalizadas e súbitas baixas médicas apresentadas por polícias".

"Foi também determinada à IGAI a abertura de um inquérito, a respeito de declarações de um responsável sindical relativas à actividade da PSP no contexto dos próximos actos eleitorais, nomeadamente a possibilidade de estar em causa o transporte de urnas de votos", lê-se na nota.

Depois dos acontecimentos deste sábado, o director nacional da Polícia de Segurança Pública e o comandante-geral da Guarda Nacional Republicana foram convocados pelo ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, para uma reunião neste domingo, 4 de Fevereiro, às 9h no Ministério da Administração Interna.

O jogo entre o Famalicão e o Sporting começou por ser adiado por uma hora por falta de policiamento no estádio, acabando depois por ser cancelado pela mesma razão. Junto ao estádio, ocorreram confrontos entre adeptos do Famalicão e do Sporting, resultando em vários feridos. Horas depois do suposto início da partida, a PSP disse que tinha planeado e preparado o "efectivo policial adequado e necessário para assegurar o normal desenrolar do evento" mas, antes do início do jogo, um "número não habitual de polícias informaram que se encontravam doentes, comunicando baixa médica".

Esta força de segurança referiu que, mesmo accionando meios policiais de outras unidades de polícia — "meios esses que também vieram a comunicar situações de indisposição, com deslocação para unidades hospitalares" — e até da GNR, não foi possível assegurar a realização do jogo.

"Tendo existido alguns incidentes de ordem pública junto ao Estádio Municipal de Famalicão, mesmo tendo sido possível reforçar as imediações do mesmo, a PSP, em coordenação com o organizador e o promotor do evento, decidiu que não se encontravam reunidas as condições necessárias para a realização do jogo", lê-se numa nota da PSP.

Armando Ferreira, presidente do Sindicato Nacional da Polícia, foi ouvido na SIC Notícias na sequência do boicote dos polícias ao jogo e sublinhou que este tipo de acções de protesto – neste caso pela multiplicação de baixas médicas dos profissionais escalados – “se vai repetir noutros jogos de futebol” e avisou que “as coisas podem ganhar outra dimensão”.

Questionado sobre se estava a admitir um boicote às eleições legislativas, afirmou que é “uma forte possibilidade”: “Quem transporta os boletins de voto e as urnas são as forças de segurança”, reforçou.

Sugerir correcção
Ler 41 comentários