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Ferro, fogo e feno à porta do Parlamento Europeu nos protestos dos agricultores em Bruxelas
Os protestos dos agricultores atingiram o centro nevrálgico da União Europeia. Centenas de manifestantes concentraram-se junto ao Parlamento Europeu e lançaram o caos em Bruxelas, com incêndios e arremesso de ovos, pedras e pneus. "Ursula, estamos aqui", avisam.
As letras garrafais em azul celeste colocadas à porta do Parlamento Europeu que apelam ao voto nas eleições de Junho — "Use Your Vote" ou, em português, "Usa o Teu Voto" — são mais difíceis de ler esta quinta-feira. Estão a ser engolidas pelo fumo que se ergue em Bruxelas, transformada num dos principais palcos de um protesto que está a bloquear estradas por toda a União Europeia — de Portugal à Croácia.
É que, desta vez, os agricultores escolheram outra forma de participação cívica para se fazerem ouvir: centenas de trabalhadores, a bordo de cerca de 1300 tractores, concentraram-se em Bruxelas para se manifestarem contra a regulamentação ecológica, os preços baixos (e os ordenados que os acompanham), a falta de medidas de apoio e as fracas condições de trabalho.
Na paisagem da "capital" da UE transparece a tensão entre os dois lados do conflito: há focos de incêndio na cidade, barricadas embrulhadas em fardos de palha, estátuas tombadas, colunas de fumo negro a eclodirem de pneus a arder e manifestantes a arremessar pedras e ovos na Praça de Luxemburgo. Se a mensagem não fosse suficientemente clara, os cartazes denunciavam o principal destinatário: "Ursula [von der Leyen], estamos aqui".
A data não é inocente. Os protestos começaram na semana passada, mas escalaram no dia de uma reunião do Conselho Europeu. As propostas europeias que limitam as importações agrícolas da Ucrânia e aliviam algumas regulamentações ambientais não bastaram para travar as manifestações. Os agricultores esperam que as suas reivindicações venham a ser discutidas na conferência de líderes desta quinta-feira.