Humanidade não sobreviverá sem zonas húmidas, alerta SPEA

As zonas húmidas são importantes no combate à crise climática e são também locais de biodiversidade, mas estão ameaçadas. Dia Mundial das Zonas Húmidas assinala-se dia 2 de Fevereiro.

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Alagoas Brancas, uma zona húmida que esteve quase a tornar-se um retail park Guillermo Vidal
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O director da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) alertou nesta quinta-feira que as zonas húmidas são essenciais para o futuro da humanidade, que não sobreviverá sem zonas húmidas. "Se não fizermos mais para proteger as zonas húmidas, não sobreviveremos às alterações climáticas", diz Domingos Leitão a propósito do Dia Mundial das Zonas Húmidas, que se assinala na sexta-feira, dia 2 de Fevereiro.

Num comunicado sobre a efeméride, o responsável diz que, sem as zonas húmidas, haverá mais inundações, exemplificando com as turfeiras em altitude dos Açores, que capturam água da chuva e impedem enxurradas. E sem zonas húmidas como estuários e lagoas costeiras não vai ser possível resistir à subida do nível do mar, avisa a SPEA.

"Em Portugal, muitas das zonas húmidas são, supostamente, protegidas por lei. Mas continuam a surgir projectos turísticos e urbanísticos que ameaçam os habitats importantes dos estuários do Tejo e do Sado (Alcochete, Tróia e Comporta-Galé), e até no Algarve (Lagoa dos Salgados, Ria do Alvor, Alagoas Brancas). Temos de fazer mais para proteger a integridade destas zonas húmidas, que são a nossa protecção contra a subida do mar", diz Domingos Leitão no comunicado.

Os rios, estuários e lagunas costeiras são também, afirma, "verdadeiras maternidades" para peixes, bivalves e crustáceos, que são o sustento de milhões de pessoas.

A propósito das zonas húmidas, Domingos Leitão alerta ainda para a necessidade de poupar água, considerando que projectos que aumentam significativamente o consumo de água "são projectos que não podem avançar nos dias de hoje".

"Se desviarmos a água para megaempreendimentos agrícolas, quando a água é cada vez mais escassa, onde iremos buscar água para beber num futuro próximo?", questiona, considerando "profundamente irresponsável" que se contemplem projectos de abacate ou mirtilo no sul do país , onde já falta água.

A SPEA é contra estes projectos de agricultura, ou a proposta mega-barragem do Pisão, cujo intuito é criar 50 mil hectares de regadio.

"Aprovar projectos destes significa destruir zonas húmidas, como os rios e paus, e criar um conflito entre a utilização de água para a agricultura e a utilização de água para consumo humano, que nunca vai acabar bem", alerta Domingos Leitão.

O Dia Mundial das Zonas Húmidas sensibiliza para a importância que têm para a vida no planeta. Foi criado em 1971, quando foi assinada a convenção de Ramsar (uma cidade iraniana). O objectivo da convenção é proteger as zonas húmidas de importância internacional, especialmente como habitat de aves aquáticas.