Morreu Chita Rivera, nome lendário da Broadway
Actriz também fez filmes e televisão, mas os palcos nova-iorquinos, onde trabalhou com nomes como Bob Fosse, Jerome Robbins ou Harold Prince, foram a sua base. Tinha 91 anos.
A vida e carreira de Chita Rivera foram feitas em cima dos palcos nova-iorquinos, a cantar e a dançar, dirigida por nomes grandes da coreografia ou encenação do teatro musical americano como Jerome Robbins, sendo a Anita da primeira produção de West Side Story - Amor Sem Barreiras, ou Bob Fosse, como a Velma Kelly da primeira produção de Chicago, ou ainda Harold Prince, em O Beijo da Mulher Aranha, onde foi a primeira Aurora.
A actriz, que morreu esta terça-feira aos 91 anos, também fez cinema, por exemplo a adaptação de Sweet Charity - A Rapariga que Queria Ser Amada, de Fosse, e teve papéis pequenos e cameos em filmes como Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, o filme musical a partir dos Beatles assinado por Michael Schultz, na adaptação de Rob Marshall de Chicago que varreu os Óscares de 2002 ou no mais recente Tick, Tick... Boom!, de Lin-Manuel Miranda.
Trabalhou ainda em televisão, seja em episódios de séries, como membro do elenco da sitcom The New Dick Van Dyke Show – tinha trabalhado no palco com Dick Van Dyke, o protagonista, em Como É Bom Amar, musical de Michael Stewart de 1963 – e em actuações em programas de variedades ou em filmagens das suas interpretações. Mas a razão do seu sucesso vem do trabalho nos palcos, a sua casa-mãe, e em muitos dos papéis que fez seja no cinema ou na televisão valeu-lhe a estatura granjeada no teatro.
Nascida Dolores Conchita Figueroa del Rivero Anderson em Washington, D.C., em 1933, Chita Rivera era filha de uma escriturária do governo e de um saxofonista e clarinetista da banda do exército americano, que morreu quando ela, uma de cinco filhos do casal, tinha sete anos. O pai era porto-riquenho, enquanto a mãe tinha origens irlandesas, escocesas e afro-americanas. Estudou, desde nova, ballet, e estreou-se na Broadway em 1950, como dançarina substituta em Eles e Elas, de Frank Loesser. Foi rapariga de coro em Can-Can, de Cole Porter, um espectáculo encabeçado por Gwen Verdon, que viria a casar-se com Fosse e que encorajou Rivera a procurar papéis maiores. Encontrou um no musical Mr. Wonderful, de 1956, ao lado de Sammy Davis Jr., com quem se envolveu.
O obituário que lhe dedica o The New York Times, que cita uma das filhas de Rivera, Lisa Mordente, como fonte para a notícia da morte da mãe – Lisa é filha de Rivera e de Tony Mordente, dançarino de West Side Story – descreve o trabalho da actriz como "electrificante": "Para gerações de aficionados de musicais, a Sra. Rivera era uma força elementar rodopiante, ricocheteante e pontapeante da dança; uma cantora sedutora de baladas esfumaçadas e jazz escaldante; e uma actriz propulsiva de energia vaudevillesca. Ela apareceu em várias produções de palco em Nova Iorque e Londres, fez 100 mil milhas de digressões de cabarés e actuou em dúzias de filmes e programas de televisão." O texto do diário norte-americano cita ainda a Newsweek, que em 2005 a baptizou como "a melhor bailarina de teatro musical de sempre".
Foi pela primeira vez nomeada para um Tony em 1961, por Como É Bom Amar, mas o primeiro que viria a vencer foi em 1984, por The Rink. Escrito por Terrence McNally, tinha música de John Kander e letras de Fred Ebb, responsáveis também pela banda sonora de Chicago e de O Beijo da Mulher Aranha, que lhe valeu uma segunda estatueta em 1993, já depois de um acidente rodoviário, em 1986, no qual partiu uma perna, seguindo-se uma recuperação que nunca aconteceu em pleno. O terceiro Tony, de carreira, veio em 2018. Em 2002, foi, ao lado de James Earl Jones, James Levine, Paul Simon e Elizabeth Taylor, uma das homenageadas dos Kennedy Center Honors. Em 2005, foi protagonista de uma revista baseada na sua vida, Chita Rivera: The Dancer's Life, que lhe valeu a nona nomeação para os Tony.