Direcção do Pompidou chega a acordo com trabalhadores para pôr fim à greve
A paralisação durava há três meses. Funcionários temiam pelos seus postos de trabalho devido ao encerramento da instituição por cinco anos, para obras de requalificação, a partir de 2025.
Chegou ao fim a greve de três meses no Centro Pompidou, a mais importante instituição dedicada à arte moderna e contemporânea em França.
Na sequência do anúncio do encerramento do centro cultural parisiense para obras de requalificação, que se iniciarão em 2025 e deverão prolongar-se por cinco anos, os trabalhadores entraram em luta a 16 de Outubro, de modo a tentar garantir os seus postos de trabalho. Esta segunda-feira, e após um contencioso de vários meses, a direcção do museu e os sindicatos Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT) e Force Ouvrière assinaram um acordo para pôr fim à mais longa paralisação de sempre na instituição, avançou o jornal francês Le Monde.
“Desde que cheguei ao Ministério da Cultura que queria acabar com esta situação”, afirmou a actual responsável pela tutela, Rachida Dati, nomeada a 11 de Janeiro. “Cem dias de greve não têm precedentes na história do Centro Pompidou. Gostaria de agradecer aos funcionários e à administração pelo seu sentido de responsabilidade.”
Já Alexis Fritche, secretário-geral da organização sindical CFDT, assinala que este acordo é “essencial para garantir a protecção” dos trabalhadores durante o período de requalificação do Pompidou, entre 2025 e 2030, saudando “o envolvimento” da ministra da Cultura nas negociações.
Segundo o diário Le Monde, a administração anunciou um plano de redistribuição da actividade do centro cultural. A sua Biblioteca Pública será transferida para o edifício Lumière, perto da zona de Bercy, em Paris. Um acordo a ser assinado em breve com o Grand Palais irá possibilitar a realização de exposições nos mais de 2800 metros quadrados daquele equipamento, também ele em obras de requalificação. A mão-de-obra alocada a estas actividades irá fazer o trabalho de funcionários até agora terceirizados.
Os restantes trabalhadores serão transferidos para novas instalações em Massy, subúrbio no sul de Paris, com inauguração prevista para o Verão de 2026. Este espaço, vocacionado sobretudo para o armazenamento de acervos partilhados com o Museu Picasso, terá 2500 metros quadrados para duas exposições anuais ancoradas nas colecções, a par de uma programação de espectáculos. Sob o título Constelações, o Pompidou irá também programar exposições fora de portas, em várias cidades francesas.
As obras no Centro Pompidou, inaugurado a 1 de Janeiro de 1977, tornaram-se “inevitáveis” devido à corrosão dos materiais usados na construção do edifício com armação tubular transparente, amplas janelas e um famoso elevador panorâmico. “Tínhamos duas hipóteses em cima da mesa: uma consistia em avançar com o restauro, mantendo o centro em actividade; a outra era o fecho completo. Escolhi a segunda porque é a que demora menos tempo e é a menos dispendiosa”, disse em Janeiro de 2021 a então ministra da Cultura francesa, Roselyne Bachelot-Narquin.
Em comunicado, a instituição dava também conta de que as obras serão necessárias para “a remoção total do amianto e para renovar o edifício respondendo às normas de segurança, técnicas e energéticas actualmente em vigor, assim como às condições de acessibilidade para os visitantes com deficiência”.