Projecto monitoriza ave para estudar espécies de praias e zonas húmidas em Portugal e Espanha

Trabalho vai monitorizar o borrelho-de-coleira-interrompida como uma “espécie guarda-chuva” e propõe um conjunto de acções que servirão para melhorar o seu estado de conservação em Portugal e Espanha.

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Borrelhos na zona da Morraceira, na Figueira da Foz Ana Claudia Norte
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A Universidade de Coimbra (UC) vai apresentar um projecto europeu que aposta na monitorização da ave borrelho-de-coleira-interrompida, para conservação de habitats e outras espécies selvagens que dependem das praias e zonas húmidas, anunciou esta segunda-feira a instituição.

Intitulado "Iberalex - Gestão sustentável de praias e zonas húmidas ibéricas: conservação do borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus) como ferramenta para compatibilizar os usos humanos e a biodiversidade", o trabalho vai ser apresentado na próxima quinta-feira, às 9h30, no auditório do Departamento de Ciências da Vida (DCV), no Colégio de São Bento, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

"Este projecto pretende utilizar o borrelho-de-coleira-interrompida como uma espécie guarda-chuva e propõe um conjunto de acções que servirão para melhorar o seu estado de conservação no espaço transfronteiriço Espanha-Portugal", refere, citado numa nota de imprensa da UC enviada esta segunda-feira, o professor e investigador no DCV, Jaime Ramos. Uma espécie guarda-chuva é uma espécie cuja conservação implica necessariamente a preservação de outras espécies.

A ideia visa também "compatibilizar acções de conservação com actividades recreativas e extractivas humanas num cenário de alterações climáticas, evidenciado pelo aumento contínuo do nível do mar e pela erosão costeira", acrescenta.

Por norma, trata-se de espécies como predadores de topo que necessitam de grandes áreas de habitat ou de condições ecológicas particulares, pelo que a sua conservação implica que essas condições sejam salvaguardadas.

De acordo com o investigador do DCV, esta ave necessita de praias arenosas e de zonas húmidas em boas condições ecológicas para se reproduzir, dado ser muito sensível a perturbação humana e a predadores.

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Ovos de Borrelho na zona de Quiaios, na Figueira da Foz Ana Claudia Norte

Por isso, a perturbação humana excessiva nas praias, por exemplo na época balnear, implica que esta espécie deixe de se reproduzir nessas áreas. Também as mudanças de habitat, devido às alterações climáticas, implicam que a mesma fique com menos área disponível de praia para nidificar.

"A conservação desta espécie implica que outras espécies no mesmo habitat tenham também condições adequadas para a sua sobrevivência. De igual forma, o aumento da predação muitas vezes está associado a actividades antropogénicas que provocaram alteração dos habitats e que devem ser controladas", concluiu.

O Iberalex é um projecto financiado pelo Programa Interreg V Espanha-Portugal (POCTEP) 2023-2027 e tem a participação, além da Universidade de Coimbra, da Direcção Geral do Património Natural (Xunta de Galicia, Espanha), das universidades de Aveiro e de Santiago de Compostela, da Extremadura e de Cádis e da associação portuguesa para a conservação da natureza Vita Nativa.