Inquérito de Estimação: Movimento de Intervenção pelas Matilhas
No nosso Inquérito de Estimação, damos palco a associações e grupos de ajuda a animais que o mundo deve conhecer. O Movimento de Intervenção pelas Matilhas alimenta cães selvagens em Coimbra.
A associação foi criada em 2023, mas a luta pela causa animal surge muito antes. Neste caso, como o próprio nome indica, o objectivo não é resgatar cães abandonados, mas antes assegurar que os que vivem em matilhas no distrito de Coimbra têm alimentação e cuidados veterinários sempre que é necessário. Como os animais não estão sociabilizados, não podem ser adoptados.
No entanto, o trabalho do Movimento de Intervenção pelas Matilhas passa também por apelar a um controlo da reprodução destes cães através do programa CED. Por enquanto, a medida é exclusiva aos gatos de colónias, e é por isso que os 22 voluntários da associação optam por retirar as crias ainda sociabilizáveis e colocá-las para adopção.
“Cuidamos destes animais da melhor forma que conseguimos, com os recursos existentes, assegurando alimentação nas zonas em que circulam e, quando necessário e possível, cuidados veterinários. Mas é urgente que avancem programas CED para cães de forma a evitar que cada vez mais cães nasçam e morram nas ruas”, destaca a associação.
A par disto, acrescentam, a equipa colabora com outras associações de Coimbra e acolhe os cães idosos que aí vivem até lhes encontrar uma família definitiva.
Uma medida prioritária pelos direitos dos animais
Acreditamos que a criminalização e punição afectiva dos crimes de abandono e maus tratos é algo que, para qualquer pessoa que seja sensível a esta causa, é fundamental.
No entanto, como lidamos com o aumento exponencial de cães nascidos na rua e com o crescimento das situações de matilha, consideramos absolutamente premente a legalização e implementação de programas CED (captura, esterilização e devolução) em cães.
Um caso marcante
Todos nos marcam e é difícil escolher um, mas recordamos o Botas, um cão que foi resgatado com cerca de três semanas de vida. Ao fim de 24 horas, apercebemo-nos que não urinava nem comia. Teve de fazer cistocentese (espetar uma agulha na bexiga) diversas vezes até poder ser algaliado.
A Kinder foi outro animal que também nos marcou. Quando a encontrámos era pequena e tinha acabado de ser mãe. Mesmo assim deixou-nos aproximar e, quando uma voluntária se sentou ao lado dela, deitou-se logo em cima e adormeceu. As crias foram todas adoptadas e a Kinder vive num canil enquanto espera por uma família definitiva.
Um conselho para quem quer adoptar um animal
O principal e o que às vezes as pessoas esquecem: dar tempo ao animal para se adaptar aos donos e à nova casa. Depois é importante ter em conta vários aspectos, como o facto de ser um compromisso a longo prazo já que a esperança de vida deles está entre os 14 a 20 anos.
Além disto, também devem pensar se o perfil de animais se adequa ao estilo de vida que têm. Vão adoptar um animal mais enérgico quando a família não privilegia desporto e vida ao ar livre? Se for este o caso, há muitos cães seniores a precisarem de uma casa.
Para quem adora cachorrinhos, aconselhamos sempre que pensem se estão disponíveis para educar (mais) uma criança. Estes animais implicam bastante tempo e energia a brincar e a educar. Os cães adultos normalmente já são mais calmos.
Uma coisa é certa: cachorro, cão adulto ou sénior, adoptar um animal implica experienciar um amor incondicional.
Um projecto que tem de ser conhecido
Destacamos dois: o Riza Santuário Animal, em Coimbra, e um abrigo no Norte do país da Lídia Maria Neto que acolhe também cães, cavalos e burros.
Uma pessoa anónima que vale a pena conhecer
A Lídia Neto que, com a ajuda do companheiro e alguns apoios particulares, dedica a vida a resgatar e cuidar animais abandonados há 20 anos.