Manifesto volta a defender a criação de um Museu da Resistência no Porto

Comissão quer aproveitar aniversário do 25 de Abril e ano de eleições para relançar ideia, obter compromissos e pedir transformação da antiga sede da polícia política em espaço de memória.

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Manifesto foi apresentado neste sábado, em frente à antiga sede da PIDE. Paulo Pimenta
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A ideia tem anos, há uma resolução da Assembleia da República que a apoia, mas a sua execução continua sem data à vista. É por isso que nasceu uma Comissão Promotora do Museu da Resistência e Liberdade no Porto: para relançar a discussão sobre a transformação da antiga sede da PIDE na cidade num espaço de memória da luta contra o fascismo.

O imóvel na Rua do Heroísmo alberga ainda parte do Museu Militar da cidade, pelo que essa transformação num espaço semelhante aos de Lisboa e Peniche teria de passar por um entendimento do Ministério da Defesa com a autarquia do Porto.

O grupo lançou esta manhã um manifesto para não deixar cair no esquecimento as histórias “de todos os homens e todas as mulheres que se bateram corajosamente contra a ditadura, pela liberdade e pela democracia”, lê-se no texto a que o PÚBLICO teve acesso.

Apresentado em frente à antiga delegada da PIDE/DGS e actual Museu Militar, o manifesto defende também a criação de “uma rede com espaços museológicos já existentes no país (nomeadamente, o Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, no forte de Peniche, e o Museu do Aljube — Resistência e Liberdade, em Lisboa)”.

A comissão nasceu em 2023 porque entendeu que era preciso dar um novo impulso à discussão, explicou ao PÚBLICO, à margem desta apresentação, um dos seus elementos, o investigador no Centro de Investigação Transdisciplinar "Cultura, Espaço e Memória" (CITCEM) da Universidade do Porto e ex-deputado do Bloco de Esquerda, Luís Monteiro. Desde então, reuniu-se com partidos políticos, com o Ministério da Cultura, mas também com a Câmara Municipal do Porto.

As portas não se fecharam, mas o processo também não avançou e ficou por cumprir a resolução aprovada pela Assembleia da República, em 19 de Julho de 2019, que recomendava ao governo a criação do museu de memória da resistência ao fascismo no Porto.

A comissão quer aproveitar o 50.º aniversário da revolução e as eleições que se aproximam para voltar a colocar o tema na agenda, explica Luís Monteiro. Para levar em diante um programa que não deixe esquecer “o sofrimento provocado pela ditadura no país”, assinala, “é imprescindível que as forças políticas tomem uma posição favorável a este projecto”.

À comissão junta-se uma lista de mais de centena e meia de apoiantes de vários quadrantes políticos que inclui ex-presos políticos e familiares, como Jorge Carvalho, Joana Lopes, José Machado Castro e Sérgio Valente, mas também historiadores e investigadores como Fernando Rosas, Irene Flunser Pimentel, Joel Cleto, José Neves, José Pacheco Pereira ou Manuel Loff. A lista de signatários inclui também o capitão de Abril Vasco Lourenço, advogados, investigadores, e figuras das artes e das letras.

Entre os subscritores encontra-se nomes de arquitectos como Siza Vieira, Souto de Moura, Alexandre Alves Costa ou Sérgio Fernandez e ainda de museólogos como a primeira directora do Museu Nacional da Resistência e Liberdade, Aida Rechena, ou a actual e o ex-responsável pelo Museu do Aljube, Rita Rato e Luís Farinha.

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