YesHelloI love you: durante décadas, o inglês foi a língua franca da pop global – domínio absoluto, imperial. Agora, o artista mais ouvido do mundo fala espanhol.

E Bad Bunny não é um caso isolado:

  • Karol G esgota Altices Arenas quase instantaneamente;
  • J Balvin tem um gigantesco Passeio Marítimo de Algés à sua espera;
  • Kali Uchis conquista uma audiência vasta com a sua pop latina, luxuriante, lúbrica.

A lista podia continuar (com os feitos de Rosalía, Peso Pluma, Camila Cabello e tantos outros).

 
           
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          Pobres Criaturas: filme-sensação coloca Emma Stone numa Lisboa futurista

Com estreia nos cinemas portugueses a 25 de Janeiro, e muito bem recebido pelo público e pela crítica, Pobres Criaturas conta com duas participações especiais: Lisboa e a fadista Carminho.

         
           
 

A pop em espanhol é o presente e o futuro – a demografia ajuda a explicar, como lemos no tema de capa desta edição. Luís Filipe Rodrigues escreve sobre este fenómeno e celebra Orquídeas, o novo álbum de Kali Uchis, "um triunfo".

"É urgente voltarmos a ter canção política e de intervenção", diz a cantora Mitó, porque os tempos a pedem. Reunindo gente dos Deolinda, Gaiteiros de Lisboa, A Naifa, Ornatos Violeta e They’re Heading West, os Cara de Espelho nascem da urgência de colocar a música ao serviço da luta pela democracia. Apontam guitarras eléctricas, túbaros de Orfeu e letras afiadas a uns quantos alvos identificáveis.

Em Sulitânia Beat, Tó Trips, João Doce, Gonçalo Prazeres e Gonçalo Leonardo investem mais fundo na sua música feita celebração febril, sem hierarquias, bússola apontando ao Sul. São os Club Makumba de volta e é "irresistível", escreve Mário Lopes, que com eles conversou.

O colonialismo europeu está na raiz da actual "crise planetária", afirma Amitav Ghosh. Massacres como o das ilhas Banda, em 1621, inauguraram uma época de exploração imparável e insustentável do planeta, defende em A Maldição da Noz-Moscada. "As alterações climáticas podem ser entendidas como a globalização da maldição dos recursos naturais", teoriza o escritor indiano em entrevista.

Vale dos Vencidos, o primeiro livro de banda desenhada de José Smith Vargas, é uma crónica longa, em tons épicos e de tragicomédia, sobre o trauma da transformação de uma zona de Lisboa. Diz-nos ele: "Houve sociedades recreativas despejadas às dezenas. Devemos reflectir sobre o que aconteceu a essa vida colectiva. Mas temos de perceber o que se pode fazer a partir daí."

Com 11 nomeações para os Óscares, incluindo para melhor filme, a mais recente bizarria do surrealista grego Yorgos Lanthimos, Pobres Criaturas, estreou-se esta quinta-feira em Portugal. Jorge Mourinha apreciou.

Também neste Ípsilon:

- Dança e teatro: Boca Fala Tropa (Gio Lourenço) e She was a friend of someone else (Gosia Wdowik), esta sexta e sábado no Porto;

- Dersu Uzala, livro de Vladimir Arseniev que inspirou Akira Kurosawa, tem agora tradução em Portugal (ainda só disponível na edição impressa);

- A estrela da arte Dozie Kanu encontrou em Santarém tempo para trabalhar em paz (ainda só disponível na edição impressa);

- Televisão: Expats e a série portuguesa Matilha (quatro estrelas e meia);

- Os novos discos de Tiago Sousa e The Smile; o livro Da Próxima Vez, o Fogo, de James Baldwin.

Boas leituras!


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