Mariana Reis lança um primeiro álbum com muito de autobiográfico

Nascida em Almada, há 27 anos, Mariana Reis estreou-se em 2021 com um single, em 2022 lançou um EP e agora publica um álbum que há-de apresentar no Musicbox, em Abril.

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Mariana Reis DR
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Chama-se Mariana Reis, estudou piano desde pequena e depois fez dele profissão, como professora. Como cantora e compositora, a sua estreia fez-se em Setembro de 2021, com uma canção: engana-me hoje, eu deixo, a que se seguiu, em 2022, um primeiro EP. Agora, esta sexta-feira, lança não és tu, nem sou eu (assim mesmo, sem uso de maiúsculas), álbum que já vinha a anunciar com alguns singles e cujo videoclipe da canção-título acaba de ser publicado no YouTube. E vai apresentá-lo nas Fnac em Fevereiro (17 Gaia, 18 Porto, 24 Coimbra e 25 Leiria) e Março (Lisboa), antes de um concerto no Musicbox, em Lisboa, que deverá ter lugar no dia 10 de Abril, às 21h30.

Nascida em Almada em 8 de Setembro de 1996, Mariana Reis começou cedo a estudar piano, como recorda ao PÚBLICO: “Foi por volta dos 6, 7 anos, no primeiro ano de escolaridade. Já andava na natação e os meus pais quiseram pôr-me numa coisa mais ‘intelectual’, para não ser só desporto, e escolheram o piano. Lembro-me de cantar, em pequenina, sem aquele cliché do ‘já nasci a cantar’, mas o piano trouxe muito mais interesse e começou a atrair-me mais a atenção para a música.”

Aas aulas de piano prolongaram-se ainda por onze anos, mas pelo meio entrepôs-se a guitarra. “Aí aos 13, 14 anos, quando a coisa começou a dar mais trabalho, pensei em dizer aos meus pais que aquilo não estava a dar assim muito. Foi nessa altura que comecei a tocar guitarra por mim própria. Mas eles não deixaram que eu desistisse do piano e hoje é, inclusivamente, a minha profissão, dou aulas de piano. Se eles tivessem facilitado, se calhar eu não tinha levado a coisa tão a sério.”

Foi o facto de dar aulas de piano, enquanto na Faculdade tirava o curso de gestão (o pai é gestor), que acabou por empurrá-la em definitivo para a música. “A gestão foi ficando um bocado mais empatada, comecei a dar aulas de piano, a ir compondo e a pensar numa óptica mais de largar os instagrams, as covers e os youtubes e começar a trabalhar as minhas próprias canções.” Foi assim que, em Abril de 2022, lançou o primeiro EP, coisas por dizer, tematicamente centrado em relações acabadas, retratadas em canções como engana-me hoje, eu deixo, coisas por dizer, há brilho na noite e ainda ando assim (escritas e tituladas sem maiúsculas, fazendo disso imagem de marca).

“Dessas quatro”, recorda agora Mariana, “o ainda ando assim foi escrita talvez em 2018, o coisas por dizer e o há brilho na noite já as escrevi perto de 2020 e o engana-me hoje, eu deixo foi escrita na altura da pandemia, perto de 2021.” Mas é no álbum que agora lança não és tu, nem sou eu, que se encontra a mais antiga de todas, que Mariana acabou por gravar num dueto com João Pedro Pais: “O lado a lado é capaz de ser a música mais antiga que eu escrevi, para aí em 2016 ou 2017.”

Tal como no primeiro disco, a temática das canções de Mariana Reis centra-se muito nas relações interpessoais, amorosas, com tudo o que estas acarretam, a aproximação, o afastamento, a dúvida, o desejo, as decepções. Tudo mais confessional que ficcional. “É autobiográfico”, diz. “Não está lá uma etiqueta a dizer ‘isto é a minha vida’, mas nas entrevistas vamos revelando um bocadinho dessas coisas. O EP era mais virado para as relações que acabaram, para o lado mais negro de terem acabado mal, e tinha duas canções mais viradas para mim, coisas por dizer e há brilho na noite. Era como se eu tivesse ali um primeiro projecto do que tinha andado a guardar estes anos todos.”

O novo disco continua essa temática e os títulos das canções incluem quase sempre um ‘par’, alguém de quem se fala ou para quem se fala: mais uma sobre ti, e se eu te disser, lado a lado, feita parva, mas tua, não és tu, nem sou eu, alguém que só sonha contigo, não soube parar, sempre que vais, um café por beber e o meu coração já é dele. “Há algumas mais alegres, do lado bonito da relação, quando a coisa estava a correr bem. Até correr mal e eu escrever mais umas coisas…”

Apesar de isso não ser ainda visíveis nestes dois discos, Mariana diz que também escreve sobre outras temáticas que não o amor e o que dele deriva: “Há aquelas duas do EP, de que já falei, que são mais uma auto-reflexão, uma coisa mais filosófica, que no fundo são dúvidas e incertezas que as outras pessoas também têm. E tenho canções, que espero venham a entrar num álbum novo, sobre um tópico que é muito comum para os artistas emergentes e que são as situações da indústria e de tudo o que está à sua volta, a situação em que se encontra, particularmente em Portugal.”

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A capa do disco

A produção de não és tu, nem sou eu é do guitarrista Sérgio Mendes. “Conheci-o uns meses antes de irmos para estúdio. Ele é o guitarrista e produção d’A Garota Não e do João Pedro Pais, e foi o João que me disse que ele seria o mais indicado para a minha sonoridade. Demo-nos muito bem. Além de um músico brilhante, é talvez das melhores pessoas que já conheci nesta indústria, muito boa onda, muito sereno, é daquelas pessoas que vê a vida sempre com o sol e uma luzinha. Junta-se a isso o facto de já ter quase 30 anos de carreira. Aprendi imenso com ele e a minha sonoridade clarificou-se muito mais. Chamámos o Diogo Arranja, que também é baterista d’A Garota Não, toca com o Moulinex e noutros projectos, e assim trabalhei com dois músicos absolutamente excelentes, a receber as ideias deles. Espero gravar o próximo disco também com eles, vamos ver.”

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