BCE mantém taxa de juro nos 4%

Autoridade monetária da zona euro cumpre aquilo que era esperado, prolongando, pelo menos por mais um mês, período de taxas de juro elevadas na zona euro para combater a inflação.

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Christine Lagarde, presidente do BCE Reuters/KAI PFAFFENBACH
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Confirmando as expectativas, o Banco Central Europeu (BCE) manteve, no final da reunião do conselho de governadores realizada esta quinta-feira, a sua taxa de juro de depósito nos 4%.

Depois de, a partir de meados de 2022, ter posto em prática a subida mais brusca de taxas desde a criação do euro, com 11 movimentos ascendentes que passaram os juros de -0,5% para 4%, a autoridade monetária europeia decidiu, em Setembro, que o nível atingido é o adequado para garantir que a taxa de inflação caminha para o objectivo de 2%, sem o risco de se estar a lançar a economia numa recessão profunda. E, ao optarem esta quinta-feira por manter as taxas de juro, os responsáveis do banco central mostram que continuam a acreditar que isto continua a ser verdade.

No comunicado em que anunciou a decisão de manter as taxas, o BCE afirma que “as condições financeiras apertadas estão a limitar a procura, ajudando a trazer a inflação para baixo”. No entanto, repete a frase já usada em anteriores comunicados, em que assinala que, com base na sua avaliação actual, o conselho considera que as taxas de juro chave do BCE se encontram a níveis que, mantidos por um período suficientemente longo de tempo, darão uma ajuda substancial para atingir o objectivo [de pôr a taxa de inflação na zona euro em 2%].

As pressões para que o BCE comece a ponderar descer as taxas de juro têm, no entanto, vindo a aumentar. A taxa de inflação na zona euro situou-se em Dezembro nos 2,9%, com sinais cada vez mais claros de que este indicador pode, ao longo de 2024, caminhar progressivamente para a meta de 2%.

E, mais importante, são evidentes os riscos, em várias economias da zona euro, de entrada em recessão. Na Alemanha, a variação do PIB no quarto trimestre de 2023 foi negativa em 0,3%, não havendo, no arranque deste ano, sinais de uma recuperação. Pelo contrário, as previsões de crescimento para 2024 têm vindo a ser revistas em baixa, numa conjuntura de deterioração dos níveis de confiança dos consumidores e empresários e de redução do espaço orçamental que o Estado tem para intervir na economia.

Perante estes indicadores dados pela economia, nos mercados, os investidores continuam a apostar que o BCE poderá realizar a sua primeira descida de taxas de juro já na Primavera. Christine Largarde, contudo, tem tentado arrefecer essas expectativas, lembrando a incerteza trazida pelo conflito no Médio Oriente, indicando que o mais provável é que essa descida ocorra apenas no Verão.

Esta quinta-feira, a presidente do BCE irá ser pressionada, na conferência de imprensa que se irá realizar em Frankfurt, a dar indicações mais precisas sobre a forma como decorreu o debate entre os membros do conselho de governadores e qual poderá ser a evolução futura das taxas de juro do banco central.

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