Brasil: enviada para Itália a primeira carga de couro de gado criado sem desmatamento

Chamam-lhe “gado 100% rastreado”. Uma empresa brasileira enviou para Itália cerca de mil peles de couro proveniente de gado criado sem desflorestação. É uma resposta à pressão dos ambientalistas.

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Criação de gado na fronteira do desmatamento na Amazónia. Programa de rastreio abrange uma pequena fracção do rebanho de 234 milhões de cabeças de gado do Brasil Edson Grandisoli?
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Uma empresa brasileira anunciou a chegada de uma primeira carga de couro à Europa proveniente de gado criado sem causar desmatamento. A Durlicouros, a segunda maior processadora de couro da América Latina depois da JBS SA, disse na terça-feira que cerca de 1000 peles de couro wet blue chegaram à Itália no início desta semana.

A carga contém todas as informações sobre o animal do qual o couro foi produzido, rastreável por um código QR, como parte de um protocolo para manter a sustentabilidade na produção, disse Durlicouros.

A iniciativa é uma resposta à pressão para promover práticas ecológicas e combater as alterações climáticas, que os cientistas responsabilizam por fenómenos meteorológicos extremos que provocam temperaturas recorde, secas, incêndios florestais e inundações. A Durlicouros faz parte de um grupo de empresas brasileiras que, no ano passado, deu início a um sistema de certificação do gado amazónico destinado à produção de carne e couro que tenha sido criado sem provocar a desflorestação.

A floresta amazónica é um dos mais importantes sumidouros de carbono do mundo. A iniciativa para monitorar todas as etapas da produção de couro actualmente rastreia mais de 113.000 animais individualmente usando a tecnologia blockchain, disse a empresa.

Até agora, o programa abrange uma pequena fracção do rebanho de 234 milhões de cabeças de gado do Brasil, mas os seus promotores dizem que é um passo no sentido de permitir que os consumidores façam escolhas informadas quando compram produtos.