Cavaleiro João Moura condenado a pena suspensa por maus tratos e morte de galgos

Há uma semana figura da tauromaquia assumiu pela primeira vez alguma responsabilidade no caso de 2020. Estava acusado de 18 crimes de maus tratos a animais.

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Ministério Público imputava 18 crimes de maus tratos a animais ao cavaleiro tauromáquico DR
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O cavaleiro João Moura foi esta quarta-feira condenado a pena de prisão suspensa de quatro anos e oito meses, por ter maltratado perto de duas dezenas de galgos, um dos quais morreu.

Além de ter de se submeter a um plano de ressocialização e a acções de formação, o arguido vai ter de pagar mil euros a cada uma das três associações que recolheram os animais. Como penas acessórias, ficou proibido de deter animais de companhia até quase ao final de 2028 e de participar em feiras e mercados nos próximos três anos.

A juíza que proferiu a sentença usou os termos "crueldade" e "desumanidade" para se referir ao sucedido.

Tudo se passou na sua herdade em Monforte, no distrito de Portalegre, em 2020. Depois de vários galgos se terem soltado e ido parar à estrada, militares da GNR entraram na propriedade do cavaleiro e depararam-se com um cenário inimaginável. As imagens dos galgos esqueléticos e em condições higieno-sanitárias deploráveis chocaram o país.

Dizia a acusação do Ministério Público, que lhe imputou 18 crimes de maus tratos, que durante pelo menos dois meses João Moura privou os animais de acesso a água e a comida em quantidade suficiente, bem como de alojamento limpo, de quaisquer cuidados de saúde e higiene, vacinação e desparasitação, mantendo-os “em situação de desconforto permanente, sede, fome e sofrimento”.

Fechou-os em boxes destinadas a cavalos, dois a cinco animais por cubículo, “sem quaisquer equipamentos para o fornecimento de alimento ou água” e com “grande acumulação de excrementos de muitos dias”. Era sobre estes dejectos que os galgos, infectados com parasitas internos e externos, dormiam.

Além de carraças e lombrigas, também havia animais com leishmaniose. Uma das fêmeas apresentava 13 quilos de peso, condição corporal de 2 numa escala de 1 a 9 em que 1 significa magreza extrema.

O relatório veterinário que foi feito na altura dava conta de outros maus tratos: feridas infligidas não se sabe se por outros animais se por pessoas, dermatites e escoriações. A cauda de uma fêmea de dois anos, por exemplo, tinha uma parte já putrefacta. Uma fêmea de oito anos morreu de uma insuficiência renal e hepática aguda. Apresentava cortes profundos numa pata, sem sinais de cicatrização.

Na última sessão do julgamento, no Tribunal de Portalegre, o cavaleiro assumiu pela primeira vez uma parte da responsabilidade pelo sucedido. Numa curta declaração, alegou que na altura estava a passar por uma fase económica menos boa e pediu desculpa pelo sucedido.

Há vários anos que João Moura participa em corridas de galgos, sendo criador desta raça de cães.

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