PS diz que AD faz “leilão de promessas”; PSD culpa Pedro Nuno pelo “caos” do país

Socialistas e sociais-democratas levaram a campanha eleitoral das legislativas para o Parlamento.

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Eurico Brilhante Dias, líder parlamentar do PS JOSÉ SENA GOULÃO
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Foi com acusações mútuas que PS e PSD preencheram as suas declarações políticas na comissão permanente da Assembleia da República desta quarta-feira à tarde, naquela que terá sido a penúltima reunião dos deputados nesta legislatura. O líder da bancada socialista Eurico Brilhante Dias acusou a AD – Aliança Democrática de se lançar num “leilão de promessas” por dizer que vai descer diversos impostos e dar uma série de benesses, ao passo que o deputado social-democrata Duarte Pacheco responsabilizou o novo líder do PS pelo contributo que deu como governante para o “caos” em que o país se encontra.

Eurico Brilhante Dias começou por apontar a “total irresponsabilidade” dos partidos à direita, em especial da AD que “promete a descida do IRC, do IRS, a eliminação do IMT na compra de primeira habitação para os jovens, a reposição integral – veja-se a pirueta - do tempo de serviço dos professores, a universalidade das creches e o aumento dos vouchers para consultas médicas no sector privado".

“Tudo isto enquanto se garante o equilíbrio orçamental e se acelera a redução da dívida pública”, acrescentou. Para logo a seguir questionar: “Como é que a Aliança Democrática, o PPD-PSD e o CDS, os mesmos de sempre, consegue lançar-se neste leilão de promessas sem corar de vergonha ou até sem fazer um elogio à política económica e orçamental dos últimos anos?” E ironizou: “É que tanta promessa só é possível porque – seguramente deve ser esse o seu entendimento – os governos do PS restauraram a confiança dos portugueses, dos agentes económicos e das instituições internacionais. Um recuperar de credibilidade que parece libertar o génio da lâmpada mágica a quem tudo é possível.”

O socialista salientou que “os portugueses já estão habituados ao não-cumprimento da palavra dada pela direita antes das eleições”, lembrando Passos Coelho – cuja bancada parlamentar era liderada por Montenegro, vincou Brilhante Dias – e a promessa de que não cortaria salários nem pensões. “Sempre que o povo entregou a governação à direita, teve como consequência austeridade nas suas vidas, aumento do desemprego, cortes de rendimentos dos salários e nas pensões, enormes aumentos de impostos, enfim, o verdadeiro empobrecimento”, assinalou. “Ou seja, tudo ao contrário do que prometeram ao país.”

O dirigente socialista acrescentou ser “verdadeiramente espantoso” que quem acuse o actual Governo de empobrecer o país “venha agora afirmar ser possível dar tudo a todos”. “O país está assim tão mau ou, pelo contrário, por acção e governação do PS, Portugal e os portugueses estão de facto melhor do que em 2015?”, questionou, numa alusão a uma frase de Montenegro de 2012, assinalando um ano da troika, em que afirmava que a vida das pessoas não estava melhor mas que a do país estava melhor.

Elencando medidas do Governo PS, Brilhante Dias rematou defendendo que o PS “está preparado para se submeter ao voto dos portugueses”, embora o Presidente da República pudesse ter evitado eleições, e insistindo no soundbyte de Costa e Pedro Nuno Santos de que “só o PS pode fazer melhor do que o PS”.

Por seu lado, quando subiu à tribuna, o deputado social-democrata Duarte Pacheco lamentou que o PS esteja há oito anos no Governo, o país continue cheio de “problemas” mas que a culpa seja atirada a Passos Coelho, Cavaco Silva. “Ou é do Salazar; talvez de Afonso Henriques. Mas o PS de nada é responsável”, ironizou. E atacou Pedro Nuno Santos por se querer fazer de “virgem” mas estar “repleto de pecados”: "Esteve sete anos neste Governo socialista. Logo, é co-responsável pelo caos a que se chegou, com a maior irresponsabilidade durante esta governação."

Duarte Pacheco lembrou que algumas das áreas com maiores problemas eram pastas de Pedro Nuno Santos: a habitação, as obras públicas, com a ferrovia (os constrangimentos nos serviços de comboio mas também nas obras), a TAP onde foram injectados 3,2 mil milhões de euros e se despediu uma administradora, e a recompra de capital dos CTT. “Enquanto ministro foi responsável, como todos os outros, pelo caos global. No seu caso, um voluntarismo, crises de amnésia, as contradições, a ligeireza na governação da causa pública que levanta muitas dúvidas sobre a competência para a função” de primeiro-ministro.

O deputado do PSD – que já não será candidato e se despediu com algum emoção depois de mais de 30 anos no Parlamento – criticou o PS por apresentar, para as legislativas, “a mesma equipa que é responsável pela actual situação do país”. E apelou: “Se os portugueses acham que tudo isto é pouco, continuem a votar no PS. Mas os que estejam desiludidos, fartos, cansados, que não queiram mais do mesmo, sabem no seu íntimo que só há uma alternativa real que é corporizada pela Aliança Democrática.”

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