Vai ser proibido desembarcar dentro das grutas de Benagil, no Algarve

As grutas de Benagil são o lugar de eleição das empresas marítimo-turísticas. Um negócio, desregulado, que rende 40 milhões por ano e atrai um milhão de visitantes.

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As grutas de Benagil são muito procuradas
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As visitas às grutas de Benagil, uma espécie de arraial marítimo que ocorre durante os meses de Verão, passam a ficar sujeitas a um código de conduta e fiscalização permanente. Já a partir do próximo Verão, passa a ser “proibido o desembarque e uso balnear do areal no interior da gruta” e será obrigatório o uso de capacete. As recomendações fazem parte do relatório, que está disponível na plataforma Participa, coordenado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR/Algarve).

A proposta agora em discussão pública foi desenvolvida por um grupo de trabalho sob a alçada do Centro de Ciências do Mar (CCMar) da Universidade do Algarve.

O sector marítimo-turístico, diz o documento, é uma das “indústrias com crescimento mais rápido e expressivo nas últimas décadas”. No Algarve, de acordo com o Registo Nacional de Turismo, há dez anos havia apenas uma empresa que se dedicava a esta actividade. No ano passado, estiveram a trabalhar 563 empresas, existindo operadores com mais de dez embarcações.

Estima-se que os passeios de barco tenham captado cerca de 1 milhão de visitantes a esta zona, inserida, desde Novembro de 2023, no perímetro do Parque Natural do Recife do Algarve - Pedra do Valado (PNMRA-PV).

De acordo com o documento, em consulta pública até 21 de Fevereiro, todos os operadores turísticos nesta área de elevada sensibilidade ecológica “reportaram conflitos com os barcos de recreio privados” no acesso às grutas. O espaço não chega para todos, e o risco de queda de blocos de rocha é elevado. As cinco vítimas mortais da praia Maria Luísa (a 30 km de Benagil) devido à queda de uma arriba em Agosto de 2009 não trouxe alterações significativas no comportamento dos utentes das praias e grutas.

O sector das actividades marítimo-turísticas nesta zona da Pedra do Valado, que inclui passeios com almoço na praia e as conhecidas “festas no barco”, com música em altos decibéis, gerou mais de 40 milhões de euros em receitas directas. “Estes indicadores económicos podem ser considerados em dependência directa da visitação das grutas de Benagil”, lê-se no relatório

Mais de metade dos operadores, cerca de 60%, reconhecem que as actividades marítimo-turísticas podem ter um “impacto negativo no meio marinho, decorrentes do elevado número de barcos e visitantes que utilizam a área, das emissões de carbono e ruído resultantes do tráfego marítimo”. Por isso, os investigadores do CCMar defendem que é “urgente definir uma capacidade de carga, regras e códigos de conduta que ordenem e regulem o sector”.

O grupo de trabalho, após ouvir agentes privados e entidades públicas, destaca, como uma das medidas consensualizadas, a necessidade do uso de equipamento de segurança pessoal, composto por capacete e colete salva-vidas durante toda a duração da visita [às grutas]”, podendo haver acesso condicionado e um tempo máximo de permanência: 3 minutos para os barcos e 5 minutos para as plataformas não motorizadas (bóias, bodyboard e colchões).

A pesca recreativa (apeada ou embarcada) passa a ser proibida nas imediações ou no interior da gruta.

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