ONU avisa que mais de meio milhão de pessoas enfrenta “fome catastrófica” em Gaza

“Crescem os riscos de fome”, diz a agência da ONU para os refugiados palestinianos.

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Exército israelita em Gaza REUTERS/Ronen Zvulun
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Nunca tantos soldados israelitas morreram num só dia desde o início das operações terrestres na Faixa de Gaza e nunca tantos militares tinham morrido num mesmo incidente: dos 24 soldados mortos nas últimas 24 horas, 21 morreram quando uma explosão levou ao colapso de dois edifícios. As Forças de Defesa de Israel (IDF) dizem que a explosão terá sido provocada por um rocket disparado por combatentes do Hamas, mas admite que tenha sido desencadeada pelas minas que as tropas tinham instalado nos edifícios. As operações de resgate prolongaram-se durante horas.

Além deste incidente no centro da Faixa de Gaza, pelo menos mais três soldados morreram nos combates em Khan Younis, a principal cidade do Sul do enclave palestiniano, onde se concentram centenas de milhares de deslocados internos, e que tem sido palco de intensos ataques israelitas. Até agora, pelo menos 208 militares israelitas morreram na guerra.

“Em nome dos nossos heróis, pelas nossas vidas, não vamos parar de lutar até à vitória absoluta”, afirmou Benjamin Netanyahu, depois de o Exército anunciar a morte de 21 soldados num só incidente. “Sei que para estas famílias a vida mudou para sempre”, declarou o primeiro-ministro de Israel, dizendo querer “fortalecer as queridas famílias dos guerreiros heróicos que caíram no campo de batalha”.

Netanyahu sublinhou que é preciso “aprender as necessárias lições e fazer tudo para preservar as vidas dos nossos guerreiros” e confirmou que as IDF lançaram uma investigação às circunstâncias da morte de 21 militares, soterrados debaixo de dois edifícios que se preparam para demolir.

À medida que mais responsáveis e peritos israelitas questionam o objectivo de “destruir o Hamas”, o primeiro-ministro tem insistido na promessa de “uma vitória completa”, afastando, em simultâneo, uma solução de dois Estados. Garantindo que “quem quer que fale numa vitória absoluta não está a dizer a verdade”, Gadi Eisenkot, ex-chefe das IDF e membro do gabinete de guerra formado por Netanyahu, pediu, na sexta-feira, a realização de eleições antecipadas.

IDF dizem ter “cercado” cidade de Khan Yunis

Na segunda-feira, os relatos que chegavam da maior cidade do Sul da Faixa de Gaza falavam do dia “mais violento” do ano, com ataques incessantes de Israel. Nesta terça-feira, as IDF anunciaram ter completado o “cerco” a Khan Yunis, que consideram “um bastião do Hamas”, matando “muitas dezenas de combatentes” do movimento palestiniano nas operações. Nos últimos dias foram mortas centenas de pessoas na cidade.

“Ao longo dos últimos dias, as tropas realizaram vastas operações durante as quais cercaram Khan Yunis e aprofundaram a operação na zona, um bastião significativo da Brigada Khan Yunis do Hamas”, dizem as IDF. “As tropas terrestres envolveram-se em combates de perto, ataques aéreos directos e usaram informações dos serviços secretos para coordenar disparos, resultando na eliminação de dezenas de terroristas.”

Desde o início da guerra – de uma violência sem precedentes, desencadeada depois do brutal ataque de 7 de Outubro, em que o Hamas matou 1194 pessoas e raptou mais de 250 –, o Exército israelita diz ter matado cerca de 9000 combatentes palestinianos, admitindo que os seus ataques mataram pelo menos um número idêntico de civis.

Segundo as autoridades de Gaza, onde a governação está sob controlo do Hamas, morreram até segunda-feira mais de 25 mil pessoas – destas, 80% serão mulheres e crianças. Estes números são considerados credíveis por várias agências da ONU e as as estimativas israelitas costumam aproximar-se das vítimas registadas pelo Hamas.

“A situação humanitária [em Gaza] não podia ser pior. Não podia ser pior. Não há palavra para a explicar, com centenas de milhares sem nada – sem abrigo, sem comida, sem medicamentos, e debaixo de bombas”, afirmou na segunda-feira o alto representante para a Política Externa e Segurança da União Europeia, Josep Borrell, antes do arranque de um Conselho de Negócios Estrangeiros excepcional, que teve a presença do ministro de Israel e de representantes de vários países árabes. “Todos os dias há um número maior de civis que são mortos. Muitos ministros disseram que são ‘demasiados’”, continuou Borrell. “Bem, a questão é: quantos são ‘demasiados’? O que é que significa ‘demasiados’. Vinte e cinco mil pessoas é demasiado? Por quanto mais tempo é que isto vai continuar?”

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