Protesto pró-Palestina pára as ruas durante o Festival de Sundance

As actrizes Melissa Barrera e Indya Moore fizeram parte do protesto onde se gritou “libertem a Palestina” e “parem o genocídio”.

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Protestos pró-Palestina enquanto decorre o Festival de Sundance Araya Doheny/Getty Images
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A edição deste ano do Festival de Sundance, o festival de cinema criado por Robert Redford no Utah, Estados Unidos, arrancou na passada quinta-feira e acaba no próximo dia 28. No meio dos filmes mostrados neste evento em que muito do cinema independente ganha tracção e distribuição, no domingo houve também um protesto.

O centro de Park City, a cidade onde o festival decorre, parou para um protesto pacífico a pedir um cessar-fogo nos ataques de Israel na Faixa de Gaza, que já levaram a pelo menos 25 mil vítimas mortais, segundo as autoridades palestinianas do enclave. "Libertem a Palestina" e "Parem o genocídio" foram algumas das palavras de ordem, muitas delas dirigidas a Joe Biden, o Presidente norte-americano que é aliado de Israel e que os protestantes apelidam de "Genocide Joe". O trânsito foi cortado e os manifestantes cruzaram-se com alguns dos frequentadores do festival, havendo ainda um contra-protesto com bandeiras israelitas, gritos de "tragam-nos para casa", em referência aos reféns do Hamas feitos no ataque do dia 7 de Outubro, contra Israel, tendo o festival acolhido uma iniciativa na sexta-feira sob esse mote.

Entre os manifestantes estava Melissa Barrera, actriz que foi despedida do vindouro Gritos 7, o sétimo capítulo do franchise de terror que, até ao filme anterior, estava a ancorar a saga com Jenna Ortega, a estrela de Wednesday que entretanto também abandonou o barco. A razão? Publicações pró-Palestina nas redes sociais. Barrera foi ao festival por causa do filme Your Monster, de Caroline Lindy, por ela protagonizado.

Indya Moore, actriz da série Pose, que está no Utah como parte do elenco do filme Ponyboi, discursou no evento. Citada pela Hollywood Reporter, Moore disse "adoro toda a gente, adoro pessoas, tenho amigos israelitas, tenho amigos judeus, tenho amigos palestinianos". "Toda a gente vê o que está a acontecer. Todos concordam que tem de haver um cessar-fogo. Parem de nos dizer para nos odiarmos uns aos outros. Parem de nos dizer que eles se odeiam uns aos outros. Eles também sabem que as crianças palestinianas que foram assassinadas não são responsáveis por libertar os reféns agora. Essa é a verdade, certo? As crianças são inocentes", declarou. Adicionou: "Se vocês se importam com a vida, se se importam com a dignidade, se se importam com a liberdade, importam-se com a autodeterminação de toda a gente". "Isto é sobre a vida, é por isso que estou aqui. Sou trans, certo? É sobre amor", declarou. Para ela, "uma Palestina livre é sobre igualdade para toda a gente".

A publicação cita ainda uma das manifestantes principais, que não se identificou e declarou que "não estavam a protestar" contra o festival, mas sim contra "a complacência dos meios de comunicação mainstream". "Todos vocês que estão aqui são cineastas e artistas, que usam a vossa arte para contar histórias, porque é que continuam em silêncio?"

Este protesto surge menos de uma semana após uma plataforma chamada Film Workers For Palestine ter manifestado a sua solidariedade com a Palestina, e que foi assinada por vários nomes da indústria. "Como cineastas e trabalhadores de cinema, dizem-nos que as nossas palavras e imagens têm poder, e que o nosso trabalho pode ajudar a acabar com injustiças. Por mais de cem dias, imagens do genocídio em Gaza e Israel têm inundado os nossos ecrãs, mas isto não parou as atrocidades incessantes. Como a advogada de direitos humanos Blinne Ní Ghrálaigh declarou no Tribunal Internacional de Justiça, este é 'o primeiro genocídio da História em que as vítimas estão a transmitir a sua própria destruição em tempo real, na esperança desesperada e até agora vã de que o mundo possa fazer alguma coisa'", pode ler-se no manifesto da plataforma.

Até agora, além de Barrera e Moore, a declaração foi assinada por nomes como Susan Sarandon, Brian Eno, John Cusack, Aki Kaurismäki, Mike Leigh, Ken Loach, Shaka King, Mira Nair, Boots Riley, Alia Shawkat, Ai Weiwei, Pedro Costa, John Early, Kleber Mendonça Filho ou Terence Nance.

Na sexta-feira, a plataforma, que está a organizar, desde sábado, vigílias matinais diárias no festival, fez uma publicação na rede social anteriormente conhecida como Twitter em que acusava festivais, e especificamente o de Sundance, de "serem totalmente cúmplices na afirmação do consentimento para o genocídio". "O #Sundance recebe dinheiro dos sionistas e amplifica os seus pontos de vista, mantendo-se em silêncio sobre a Palestina", rematava. Na mesma rede social, queixam-se também de alguns membros muçulmanos do grupo "terem sido perseguidos e assediados" por usarem keffiyehs, os lenços que representam a luta palestiniana. Afirmaram também esta segunda-feira que há "directivas de cima" no festival a "dissuadir os cineastas de mencionarem Gaza", salientando as equipas dos filmes Union, Seeking Mavis Beacon e The Smallest Power por falarem de qualquer maneira. "Não seremos silenciados", concluíam.

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