Inquérito de Estimação: Abandoned Pets
No nosso Inquérito de Estimação, damos palco a associações e grupos de ajuda a animais que o mundo deve conhecer. A Abandoned Pets promove a adopção de cães e gatos em Braga.
A associação só surgiu em 2013, mas a equipa de voluntários já se conhece desde os tempos em que resgatavam os cães que vivam no Centro de Recolha Oficial Animal (CRO) de Braga. Nesta altura, era permitido eutanasiar animais de canis em Portugal. A equipa de Eduarda Palmira, fundadora da Abandoned Pets, tentava encontrar uma solução para isso, explica, em resposta ao Inquérito de Estimação.
Em 2018, o abate passou a ser proibido. Ao mesmo tempo, começaram a surgir mais associações de protecção animal que actualmente colaboram com a Abandoned Pets.
A associação continua a divulgar os cães e gatos que vivem em vários centros de recolha e associações do país, a alimentar e esterilizar matilhas de cães e gatos de colónias e a resgatar os que encontram abandonados. Como não têm instalações físicas, os cães ficam num hotel canino e os gatos em famílias de acolhimento temporário.
“Neste momento, temos cerca de 16 gatos para adopção, na maioria bebés, e 27 cães, dos quais 13 são pequenos", adianta. Os 20 voluntários são responsáveis por cuidar de todos até serem adoptados.
Uma medida prioritária pelos direitos dos animais
Neste momento, o bem-estar e a integridade física e emocional do animal, incluindo as condições onde vivem, a necessidade de darem passeios e terem cuidados veterinários.
Um caso marcante
Temos diversas histórias que nos marcaram, mas o caso do Winter, um cão que estava no CRO de Vila Real, chamou-nos a atenção. O Winter quase não tinha pêlo e tinha as patas inchadas. Disseram-nos que tinha vivido cerca de um ano na rua.
Foi tratado contra a sarna demodécica e ficou curado após um longo tratamento físico complexo e demorado. A nível comportamental, foi treinado pelo César Sá que conseguiu o Winter passasse de cão reservado e sem expressão a muito sociável. Viveu meses no Hotel Canisa, um hotel canino em Braga, e tornou-se próximo da cadela Pitucha. Era impossível separá-los e o Winter foi adoptado pela tutora da Pitucha.
Um conselho para quem quer adoptar um animal
Primeiro que tudo, ter a noção que adoptar um animal é uma decisão para a vida e que a família tem que estar de acordo com a decisão, ter tempo para o educar, mimar, levar a passear, treinar caso seja necessário e disponibilidade financeira. Os animais são imprevisíveis: hoje podem estar bem mas amanhã podem não estar e são precisos cuidados veterinários.
Se tiverem condições físicas, disponibilidade e dinheiro para tal avancem e adoptem. Se não tiverem, é preferível esperar um pouco. Estamos a pensar na vida de um animal.
Um projecto que tem de ser conhecido
O projecto Puppyology, recentemente criado pela Bárbara Lemos, que promove a saúde física das pessoas que fazem exercício com cães e gatos, a saúde mental e a adopção dos animais que estão na aula.
Uma pessoa anónima que vale a pena conhecer
Temos algumas pessoas que são fundamentais para nós e uma delas é a Ana Paula Nicolau, a nossa responsável pelos gatos.
A Ana Paula é professora na Universidade do Minho, tem a cargo diversos projectos e teses de doutoramento e mesmo assim consegue cuidar diariamente de gatos bebés — alguns a biberão e outros doentes —, nunca se queixa e tem sempre uma palavra amiga para quem precisa de ajuda com um animal.
O treinador César Sá é outra pessoa indispensável para a associação. Percebe todos os nossos cães resgatados, principalmente os que vêm com traumas a nível de comportamento. Consegue transformar um cão com problemas comportamentais num cão adoptável. E faz tudo isto sem cobrar nada.