As meninas-prodígio estão de volta no Open da Austrália
Favoritos marcam duelos nos oitavos-de-final do primeiro torneio do Grand Slam.
Em 2018, Marta Kostyuk irrompeu pelo qualifying e, aos 15 anos, tornou-se na mais jovem tenista a chegar à terceira ronda do Open da Austrália desde Martina Hingis em 1996. No ano seguinte, Amanda Anisimova saiu do anonimato ao atingir os oitavos-de-final do Open australiano com 17 anos. Meses depois, a norte-americana atingiu as meias-finais de Roland Garros, após vencer Simona Halep, detentora do título, tornando-se na mais jovem desde 2006 a chegar tão longe num torneio do Grand Slam. Contudo, a pressão de corresponder às muitas expectativas pesou enormemente nos ombros de ambas e foram precisos muitos meses para reencontrarem o equilíbrio, o prazer de competir e voltarem a estar nos oitavos-de-final de um major.
“Tem sido um longo processo, e muito trabalho foi feito”, reconheceu Kostyuk, 37.ª no ranking, depois de vencer, por 2-6, 6-4 e 6-4, Elina Avanesyan (74.ª), também de 21 anos. A ucraniana, recém-casada, iguala o seu melhor resultados em majors (Roland Garros, em 2021) e, nos “oitavos” defronta Maria Timofeeva (170.ª).
A russa de 20 anos veio do qualifying e registou, na sexta vitória em Melbourne, a maior da carreira, ao eliminar Beatriz Haddad Maia (12.ª), por 7-6 (9/7), 6-3.
Esgotada mentalmente, Anisimova retirou-se do ténis em Maio de 2023. Durante a paragem competitiva, a norte-americana começou a pintar e tem obras expostas numa galeria de Nova Iorque. As vendas fazem parte do seu projecto “Art for Hope”, pois revertem para organizações que combatem o assédio mental, o abuso infantil e a fome. Ao mesmo tempo, voltou aos estudos iniciados em 2020, em gestão e psicologia e em Setembro, decidiu voltar a treinar-se, a tempo para voltar à competição no início de 2024.
E, pela primeira vez desde o Verão de 2022, Anisimova passou três rondas e sem ceder qualquer set. Na terceira ronda, frente a Paula Badosa (100.ª) – também ela de regresso após cinco meses de paragem por lesão – a jogadora de 22 anos recuperou de 1-4 no set inicial e de cãibras abdominais para vencer, por 7-5, 6-4, indo agora defrontar a amiga Aryna Sabalenka (2.ª), que aplicou um duplo 6-0 a Lesia Tsurenko (33.ª).
Em destaque esteve novamente Mirra Andreeva (47.ª). Dois dias depois de eliminar a ídolo Ons Jabeur (6.ª), a russa de 16 anos voltou a brilhar ao recuperar de 1-5 no set decisivo e salvar um match-point para vencer Diane Parry (72.ª), por 1-6, 6-1 e 7-6 (10/5).
No sector masculino, a ordem natural regressou ao Open com os principais favoritos a ultrapassarem a terceira ronda sem sobressaltos. No 100.º encontro que realizou no Open da Austrália, onde não perde desde 2018, Novak Djokovic (1.º) superou o argentino Tomas Martin Etcheverry (32.º), por 6-3, 6-3 e 7-6 (7/2)
Jannik Sinner (4.º) continua sem perder um set e, na terceira ronda, só cedeu quatro jogos ao argentino Sebastian Baez (29.º): 6-0, 6-1 e 6-3. Aos 22 anos, Sinner é já o italiano com mais encontros ganhos em majors disputados em hardcourts, com 12 vitórias, ultrapassando Matteo Berrettini e Fabio Fognini.
Finalista em 2023, Stefanos Tsitsipas (7.º) assinou a melhor exibição esta semana para ultrapassar o francês de 19 anos, Luca Van Assche, que vinha de eliminar Lorenzo Musetti. Ao vencer, por 6-3, 6-0 e 6-4, o grego qualificou-se para os “oitavos” pela quinta vez nas últimas seis visitas a Melbourne, indo defrontar Taylor Fritz (12.º). Andrey Rublev e Alex de Minaur serão protagonistas de outro oitavo-de-final de grande expectativa.
Nuno Borges em acção esta madrugada
Nuno Borges (69.º) disputa este sábado (cerca das seis horas em Portugal) a terceira ronda com Grigor Dimitrov (13.º), um dos tenistas em melhor forma neste início de ano, tendo conquistado o torneio de Brisbane. Mats Wilander, ex-número um mundial e actual comentador no canal Eurosport, acredita que o búlgaro pode esperar dificuldades.
“É óbvio que o Dimitrov está a jogar muito bem e já tinha jogado de forma incrível no torneio de Brisbane. Não estaria à espera que ele de repente fizesse uma má exibição, mas o Nuno Borges também tem estado a jogar bem. Prova disso é o resultado do encontro contra o Davidovich Fokina, um dos cabeças de série. Ao longo dos anos, o Dimitrov até já fez algum mau encontro, mas ele tem um estilo de jogo exuberante. Eu acredito que o Dimitrov deu mais um passo rumo ao topo do seu jogo e, num encontro discutido à melhor de cinco sets, tem muita experiência. O Nuno Borges não tem pressão. No país dele isto foi um grande feito e creio que fez um trabalho incrível para chegar tão longe. A tarefa para o Nuno Borges vai ser bastante dura, mas veremos o que acontece”, analisou Wilander
Borges abandonou a prova de pares devido a lesão do parceiro, Aleksandar Vukic. Nessa variante, Francisco Cabral e Herry Patten foram eliminados pelos cabeças de série n.º5, Santiago Gonzalez/Neal Skupksi, por 6-3, 6-4.